terça-feira, 19 de março de 2013

Pacíficação íntima



Regina Neves
             Pacificação íntima é o estado de serenidade em que a consciência expressa equilíbrio entre os pensamentos, sentimentos e as ações, transmitindo harmonia e tranquilidade.
            A autora percebe que uma forma de atingir a pacificação intima é através da desrepressão de sentimentos e ideias, reprimidas por insegurança ou medo da reação dos outros. Por esse motivo, a consciência nega as suas reais necessidades e adota as imposições da sociedade. Nesse contexto, mudará sua forma de agir para se adaptar ao fluxo do meio onde nasceu. Com o tempo terá dificuldade em identificar quem é realmente, e o que veio fazer neste mundo. A dissociação entre seus verdadeiros objetivos e o que foi incorporado na vida em sociedade provocará incoerência entre os pensamentos íntimos e as ações, reforçando a repressão e o emocionalismo. Estas emoções reprimidas podem provocar inquietação, insatisfação, apatia e em alguns casos depressão.
            Como é possível reverter essa realidade e implementar estratégias para alcançar a pacificação íntima?
            A Conscienciologia, ciência que estuda a consciência de forma integral, ressalta que a partir do estudo e da autopesquisa pode-se descortinar uma visão diferente sobre a própria existência, proporcionando condições para pensar e agir de forma distinta do usual. Assim sendo, as pessoas que apresentam essas características podem identificar comportamentos reprimidos que provocam dissociação entre o que é pensado e expressado, e a reciclagem pessoal ser um dos caminhos para se alcançar a pacificação íntima.
            As seguintes posturas podem auxiliar na realização da autopesquisa para a identificação de traços pessoais que precisam ser reciclados, com vistas à obtenção da harmonia íntima:
  1. Incômodos. Verificar por que ações imaturas do colega, cônjuge e filhos irritam, incomodam.
  2. Reeducação. Empenhar-se na reeducação de posturas agressivas que foram reprimidas sem terem sido compreendidas de forma racional. A consciência sentirá prazer em estar com ela mesma e esse bem-estar será transmitido para os ambientes.
  3. Pensenes. Estar atenta à qualidade dos pensamentos, sentimentos e energias – pensenes – emitidos no dia a dia para identificar e analisar os pensamentos e/ou sentimentos predominantes.
  4. Observação. Observar que as palavras e frases utilizadas em um texto ou de forma oral auxiliam na compreensão do modo de ser.  Quais são as palavras que mais repito no dia a dia? Explosão, imposição, conquista, controle são palavras que provocam ou incitam a agressividade, enquanto palavras como tranquilidade, amizade, superação, harmonia expressam uma energia pacifista. No livro Homo sapiens pacificus (Vieira, Waldo, Foz do Iguaçu; CEAEC, 2007), o autor observa que os provérbios bélicos propagam mensagem em defesa da guerra e a manutenção dos conflitos interconscienciais, enquanto que os provérbios antibelicistas podem inspirar ideias pacifistas, sadias. Tais provérbios, quando repetidos em um momento de crise, podem auxiliar na condição de acalmia íntima da pessoa.
  5. Assistência. Perceber que na tarefa do esclarecimento, mais importante do que se mostrar assistencial é ser assistencial. Quanto mais verdadeira for consigo mesma, mais tranquilidade e harmonia transmitirá para os outros.
            Para auxiliar a promover a pacificação íntima, a Conscienciologia tem como um dos projetos a construção do primeiro laboratório de autopesquisa sobre a paz no Campus do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, em Saquarema, no estado do Rio de Janeiro.
            A equipe interessada no projeto percebeu que para dar início à construção era necessário o desenvolvimento individual da autopesquisa com o objetivo de melhor se conhecer, e a partir das reciclagens individuais ocorreria a mudança do grupo. Essa reciclagem grupal seria necessária para a construção do laboratório da paz.
Passeatas e movimentos sobre a paz são cada vez mais frequentes. Mas para conseguir a paz coletiva é necessário que cada pessoa perceba a necessidade da mudança individual de respeito por si e pelas outras pessoas, para depois expandir para o amadurecimento grupal e repercutir nos ambientes.
            A pacificação íntima é um processo gradual, cuja manutenção depende da qualidade dos pensenes emitidos nas relações intra e interconscienciais. Para sustentar essa condição de harmonia, o principal desafio é manter a calma, a tranquilidade e a compreensão ao lidar com os diferentes tipos de consciências. Assim, é fundamental compreender a forma de ser de cada pessoa e os posicionamentos contrários, sem preconceitos, mas explicitando suas dúvidas, questionamentos e realizando críticas construtivas.
            A pacificação íntima começa pelo investimento individual no autoconhecimento, se consolida com as autossuperações dos conflitos intra e interpessoais e reverbera nos ambientes e nos grupos. Dessa forma, a vivência do estado de pacificação íntima é uma meta a ser alcançada no caminho autoevolutivo.
Regina Neves, voluntária do INTERCAMPI em Recife.

Fonte: Site da Intercampi, postado em 12/dezembro de 2012.
http://intercampi.org/2012/12/12/pacificacao-intima/

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