William Nascimento
Existe
uma variedade de instituições que frequentamos ao longo de nossas vidas: científicas,
religiosas, jurídicas, governamentais, tecnológicas, comerciais, educacionais, familiares
etc. Frequentemente acontece que por trás das instituições onde deveria haver
pessoas, surpreende o fato de que raramente encontramos verdadeiras pessoas nas
instituições, e sim papéis sendo representado de modo muitas vezes frio,
mecânico e automatizado. Em muitas destas instituições podemos ver muita
promoção pessoal, exibição de conhecimentos, busca por aprovação, tentativas de
impressionar, se afirmar, parecer mais instruído.
Dependendo
do objetivo da instituição podemos ver diferentes maneiras de representar um
papel. Neste modo de operar na sociedade acabamos perdendo o contato com aquilo
que verdadeiramente somos, que é ser uma pessoa. Não estamos aqui para
representar papeis, por mais variados que eles possam ser, por maior
credibilidade, poder e prestígio que eles possam demonstrar.
Você já se
pegou representando um papel no qual demonstrava mais certezas e mais competência
do que realmente tinha? Quem já se
percebeu agindo com uma mascara ou uma fachada exterior, pode ter experimentado
um desgosto consigo mesmo, um desapontamento interno, como se estivesse traindo
a si próprio, não sendo autentico, verdadeiro ou transparente, de modo fiel a
quem realmente é. Pode descobrir que estava inseguro e ameaçado no momento, buscou projetar um falso eu, afim de ser mais
aceito pelo outro ou pelo grupo do qual era parte, mas a que custo?
Por mais
que seja necessário representar papéis na vida, é essencial se permitir entrar
em contato com o que está vivenciando, ser genuíno. Ser verdadeiro, estar
consciente do que quer que esteja se passando dentro de si é uma tarefa para
toda a vida, embora seja difícil entrar em contato com o centro da própria
experiência, é uma vivência muito gratificante.
Quando o
que vivenciamos num dado momento está presente em nossa consciência, e quando
conseguimos expressar esta vivencia ao outro, e comunicar o que é autêntico em
nós no momento em que ocorre, nos sentimos espontâneos, genuínos, vivos e o
outro sente-se mais próximo e mais interessado em nós aumentando a confiança na
relação. Quando reprimimos sentimentos por muito tempo eles podem explodir de
forma inesperada, atacar e ferir ao outro, gerar uma ferida que pode levar
muito tempo para se curar, com isso se perde um tempo precioso para
reestruturar a relação.
Se permitir ser verdadeiro com aquilo que se intenciona, sente, percebe e expressar
ao outro, também permite ao outro ter objetivos, valores, sentimentos e
intenções diferentes dos nossos. Deixar de se controlar tanto e se moldar conforme
as situações, faz com que desenvolvamos um respeito por nós mesmos e pelo
outro, aumentando o respeito pela liberdade individual de todos. Quanto mais
pessoas se relacionarem como pessoas, de forma autentica maior a possibilidade
de viver não como personagens, mas como essencialmente somos; humanos.