Leuzene Salgues
Vontade, segundo o dicionário Houaiss, é a faculdade de
querer, de escolher, de decidir entre alternativas possíveis. É uma força
interior que impulsiona o indivíduo a realizar algo, a atingir os seus fins ou
desejos. Pode ser compreendida como ânimo, determinação, firmeza, disposição,
empenho, interesse, entre outros.
A força interior pode ser direcionada para um foco
patológico, desfavorável à evolução, por exemplo, vontade de fumar, vontade de
agredir alguém, vontade de comer além do necessário, vontade de roubar, entre
outros. Em contrapartida, pode ser sadia e direcionada às decisões mais
maduras, ao modo de vontade de aprender, vontade de evoluir, vontade de ajudar
a outras consciências.
A vontade pode ficar apenas no campo abstrato do desejo
ou pode ser manifesta em ações concretas. Para tanto, a consciência necessita
da iniciativa pessoal, da condição de propor, empreender e/ou realizar qualquer
coisa útil ou renovadora, utilizando o próprio livre arbítrio, a
autodeterminação.
É possível verificar o nível da própria vontade pela
observação pessoal em situações cotidianas, por exemplo, cumprir dieta
alimentar; fazer ginástica sem precisar da presença de companhias; utilizar as
lentes de contato sem se irritar até adaptar-se; ou ter paciência de montar um
puzzle de mil peças.
Para a Conscienciologia, a vontade é um atributo
mentalsomático da consciência, considerado como o único megapoder de fato, por
ser a força que permite à consciência viver com autodomínio, mantendo o
autocontrole sobre os próprios sentidos e sendo autossuficiente naquilo que
realiza.
Nas atuações inteligentes da consciência, a vontade
determinada torna-se inevitável e insubstituível desde que ela recicle
continuamente a sua automotivação para o desenvolvimento produtivo da própria
existência, ou seja, a sua autoevolução lúcida.
Uma consciência pode ter muitos talentos e não se sentir
motivada e com vontade de evoluir, no entanto, qualquer movimento consciencial
necessita de energia. A vida no planeta Terra é uma existência essencialmente
energética e a vontade é a usina das energias. Sem vontade não se chega a lugar
nenhum.
Não há evolução consciencial sem vontade e sem
autoassistência. A consciência que deseja de fato amadurecer e ter mais
discernimento precisa aprender a corrigir os surtos de imaturidade pela mudança
íntima, reciclagem intraconsciencial, ou seja, renovação de pensamentos e
sentimentos que contribuirão para a aquisição de um maior nível de lucidez e
mudanças de atitude diante de si e dos outros.
Dentre as oportunidades de reciclagem intraconsciencial
está a experiência fora do corpo, projeção consciente, que descortina para a
consciência projetada a sua realidade consciencial. A vontade inquebrantável é
a ferramenta valiosa que conduz à autoconscientização multidimensional, ou
possibilita a vivência das experiências extrafísicas.
O sucesso evolutivo, a mudança para melhor, implica em
persistência pessoal gerada e mantida pela força da vontade inquebrantável que
auxilia a consciência a enfrentar, na vida prática, todo tipo de obstáculos e,
principalmente, superar posturas arraigadas, tradicionais, herdadas de valores
sociais que impedem a consciência de ter ações libertárias rumo ao alcance de
um discernimento mais amplo.
A disponibilidade pessoal para a evolução evidencia maior
e mais madura inteligência porque viemos a este Planeta para aprendermos a
servir uns aos outros e vivenciar a interassistência. Como servir aos outros
sem estar disponível, arranjar tempo e oportunidade?
A extensão e profundidade da disponibilidade pessoal
dependem do discernimento, boa intenção e principalmente da vontade de servir
às boas causas. Por isso, é necessário desenvolver uma vontade madura, menos
egoica, uma vez que ela é o instrumento que possibilita à consciência
conquistar novos patamares de autoconhecimento e maturidade, essenciais à
interassistencialidade fraterna e cosmoética.
Leuzene Salgues é pedagoga, voluntária e pesquisadora do INTERCAMPI.
Fonte: Site da Intercampi postada
em 24/junho de 2010.
http://intercampi.org/2010/06/24/artigo-vontade-megapoder-da-consciencia/