sábado, 12 de abril de 2014

Notas históricas das pesquisas de fenômenos parapsíquicos

Por William Nascimento

Pesquisas de Alvarado (2013, p. 158) relatam que foi a partir do mesmerismo no século XVIII que manifestações psíquicas tiveram a atenção do mundo acadêmico ocidental. O médico alemão Franz Anton Mesmer (1734-1815), pesquisava uma força chamada de "magnetismo animal", um tipo de força que controlaria o bem-estar humano. Mesmer inicialmente tentava curar seus pacientes através de hipnose, ímãs ou objetos magnetizados, posteriormente utilizava as próprias mãos, promovendo o reequilíbrio e remissão de doenças. A partir dos relatos de fenômenos de clarividência, telepatia, premonições, diagnósticos, curas dentre outros exibidos por sujeitos mesmerizados, alguns autores como J. P. F. Deleuze (1753-1835); Lawyer J. C. Colquhoun (1785-1854); Charles Lafontaine (1803-1892) e Johann Heinrich Jung-Stilling (1740-1817) afirmavam existir provas suficientes sobre a existência de uma alma imortal independente do corpo biológico (ALVARADO, 2013).
Segundo Stevenson (2007, p.150) a partir de 1882 em Londres que estudos sistemáticos foram desenvolvidos, a instituição responsável era a Sociedade de Pesquisa Psíquica (Society for Psychical Research - SPR) fundada por Myers (1843-1901) e Gurney (1847-1888). Segundo Alvarado (2013) a proposta da SPR era apresentar “uma tentativa organizada e sistemática de investigar o grande grupo de fenômenos controversos designados por termos como mesmérico, psíquico e espiritualista”. O autor descreve a contribuição de acadêmicos proeminentes associados com a SPR tais como: Henry Sidgwick (1838-1900); William Barret (1844-1925); Balfour Stewart (1828-1887); o político Arthur Balfour (1848-1930); o psicólogo William James (1842-1910); o químico e físico William Crookes (1832-1919); o físico Oliver Lodge (1851-1940), o fisiologista Charles Richet (1850-1935); o filósofo Henri Bergson (1859-1941); Frank Podmore (1856-1910).
Posteriormente foi fundada duas instituições em 1885, a Sociedade Francesa de Pesquisa Psíquica (Société Française pour Recherche Psychique - SFRP), e a Associação Americana de Pesquisa Psíquica (American Society for Psychical Research) que se tornou afiliada da Sociedade original em 1890.
A Universidade Duke fundada em 1927, também se interessou pelo que era chamado na época de campo de investigação de fenômenos psíquicos, cujo contexto da época e demandas da mídia se esperava encontrar evidências de vida após a morte. William McDougall e Joseph B. Rhine criaram em 1935 um laboratório na Universidade Duke para estudar experimentalmente tais fenômenos estabelecendo a ciência denominada de parapsicologia. (RHINE RESERCH CENTER, 2013).
Segundo Vieira (2009, p. 88) a Parapsicologia foi reconhecida como ciência em 1969 e admitida por 165 votos contra 30, na qualidade de membro da American Association for the Advancement of Sciente (A. A. A. S.). A sociedade A. A. A. S, foi fundada em 1957, em New York e conta com 200 pesquisadores de todos os ramos, em 25 países, e aceitou oficialmente, como nova divisão sua, a filiação da Parapsychological Association (P. A), na qual figuram os mais eminentes parapsicólogos internacionais. Tal fato equivaleu a aceitar a Parapsicologia como sendo uma subdivisão da ciência, com os mesmos direitos das outras subdivisões. [...] Existem funcionando, atualmente, 129 cursos científicos ou laboratórios de Parapsicologia espalhados por todo o planeta em instituições diversas.  
O relato autobiográfico de Stevenson (2007) apontou que nos anos 60, suas pesquisas a partir de relatos de casos individuais sobre a paranormalidade, já eram contestados por pioneiros nos estudos da parapsicologia, eles lhe disseram que não eram significativos, do ponto de vista científico tais estudos eram inúteis.
Porém casos individuais de fenômenos parapsicológicos tem demonstrado o seu valor. A prestigiada revista científica New Scientist, realizou tempos atrás, [anterior a 2009] em iniciativa de um dos seus editores, uma pesquisa para provar que a comunidade científica rechaçava a existência dos fenômenos parapsicológicos. O resultado foi o oposto, e cerca de 75% dos pesquisados opinaram que estes fenômenos estavam comprovados, ou em vias de comprovação. O que surpreendeu foi o fato de que 40% dos cientistas pesquisados declararam que aceitavam a realidade dos fenômenos parapsicológicos por tê-los experimentado pessoalmente (VIEIRA, 2009, p.89).
 Segundo Balona (2008, p. 23-24) a Psicologia área que há pelo menos dois séculos, vem se ocupando do estudo do aparelho psíquico, da mente, do comportamento e da personalidade, está hoje dividida em mais de uma centena de teorias explicativas. Contudo, até o momento (Ano-base 2008), nenhuma delas alcançou pleno consenso em sua abordagem na obtenção de respostas sobre a estrutura (do que é feita?), a dinâmica (como funciona?) e evolução (como se desenvolve?) da consciência. A autora relata que a Projeciologia e a Conscienciologia vêm agora para atender à uma tarefa delicada e complexa: mudar a ciência e o cientista. Para Balona quando os fenômenos teimam em aparecer pontualmente, e continuam a existir sem explicações satisfatórias, chegou a hora de renovar os instrumentos de pesquisa e não de ocultar o fenômeno.
Visando atender a difícil tarefa de mudar a ciência e o cientista, Vieira propôs a Conscienciologia, este termo foi proposto publicamente em 1981 para definir a nova ciência dedicada ao estudo da consciênciaPartindo do princípio de que a manifestação da consciência vai além do cérebro físico e que é independente do corpo humano.
Vieira e colaboradores fundaram em 1988 o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia – IIPC. Atualmente existem 15 centros educacionais espalhados pelo Brasil e 3 no exterior. O IIPC expandiu suas especialidades abrindo posteriormente mais 15 instituições parceiras. Em uma destas instituições parceiras o Centro de Altos Estudos da Conscienciologia - CEAEC, foi transformado em sede da Conscienciologia. No CEAEC foi fundado em 1997 o primeiro laboratório para o pesquisador experimentar por si mesmo algumas técnicas propostas por Vieira. Atualmente no CEAEC existem 18 laboratórios fundados especialmente para que o pesquisador experimente pessoalmente as dinâmicas e trabalhos parapsíquicos realizados nestes locais.
Os auto-pesquisadores da Conscienciologia são incentivados a ter suas experiências pessoais a partir da prática de técnicas específicas para desenvolver o parapsíquismo. Suas experiências pessoais, rendem artigos e livros, demonstrando que os relatos de casos individuais não são inúteis do ponto de vista científico. O paradigma proposto por esta nova ciência tem auxiliado inúmeras pessoas a comprovarem por si mesmos que existem outras dimensões além da matéria, outros corpos que utilizamos para acessar tais dimensões, e que somos resultado de várias idas e vindas pela terra.

REFERÊNCIAS
1. Alvarado, C. S.; Machado, F. R.; Zangari, W.; Zingrone, N. L. Perspectivas históricas da influência da mediunidade na construção de ideias psicológicas e psiquiátricas. Revista Psiquiatria Clínica. 34, supl 1; 42-53, 2007.
2. Stevenson I. Metade de uma carreira com a paranormalidade. Revista Psiquiatria Clínica. 34, supl 1; 150-155, 2007.
3. Alvarado, C. S. Fenômenos psíquicos e o problema mente-corpo: notas históricas sobre uma tradição conceitual negligenciada. Revista Psiquiatria Clínica. 2013;40(4):157-61.
4. Rhine Reserch Center. Disponível em http://www.rhine.org/who-we-are/history.html. Acesso em: 10/04/2014)
5. Balona, M. Projeciologia: Cultura parapsíquica e autopesquisa científica. Journal of Conscientiology, anais do 4° CIPRO- Congresso Internacional de Projeciologia. Vol II,n°41-S, p. 9-317.
6. Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia – IIPC. Disponível em http://www.iipc.org/sobre-o-iipc/quem-somos/. Acesso em: 12/04/2014.
7. Centro de Altos Estudos da Conscienciologia. Disponível em http://www.ceaec.org/index.php?option=com_content&view=article&id=83&Itemid=315. Acesso em 12/04/2014.
8. Vieira. Projeciologia, panorama das experiências da consciência fora do corpo humano. 10 ed. Foz do Iguaçu. 

sábado, 5 de abril de 2014

Mediunidade e Projetabilidade: em busca de maior liberdade espiritual

Por William Nascimento

            Uma das definições possíveis de mediunidade é "a comunicação provinda de uma fonte que é considerada existir em um outro nível ou dimensão além da realidade física conhecida e que também não proviria da mente normal do médium" (KLIMO, 1998 apud ALMEIDA e NETO, 2004, p. 131).
            Estudos de Alvarado, Machado, Zangari e Zingrone, (2007) revelaram que a mediunidade, veio a tona a partir do  século XVIII nos EUA. No  ano de 1847, em Nova York a família Fox, marcava formalmente o inicio das chamadas sessões mediúnicas, fornecendo a base para o que foi denominado de espiritismo. A família era composta pelo Sr. e Sra Fox e três filhas, Leah (23), Margareth (15) e Katherine (12). Ocorreram fenômenos estranhos em sua residência, como batidas nas paredes chamadas raps de origem desconhecida, o fenômeno sempre ocorria na presença das duas filhas menores. Elas codificaram essas batidas com objetivo de se comunicarem com o autor invisível. A notícia espalhou e atraiu muitas pessoas em busca de comunicação com os mortos, foram realizadas diversas sessões em que até as mesas chegavam a girar. Mesmo mudando de residência os fenômenos voltaram a ocorrer.
            Por volta de 1870, outras sessões se espalharam pelos EUA, Europa e Brasil, atraindo a atenção do cético pedagogo francês Hippolite Leon Denizard Rivail. Acadêmico convidado a colher os relatos nos centros espíritas e unificar as informações, passou a acreditar na mediunidade chegando a publicar em 1857, O livro dos espíritos,  adotando o pseudônimo Allan Kardec, segundo ele ditado por espíritos. Posteriormente sob orientação espiritual, Kardec publicou  outras obras, O Livro dos Médiuns (1955), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1944), A Gênese (1944) e Céu e Inferno (1944). (ALVARADO, MACHADO, ZANGARI, ZINGRONE, 2007).
            Segundo Stoll (2009, p. 16) entendida como modo de comunicação entre vivos e mortos, a experiência mediúnica promove, por meio do transe, a superposição entre planos distintos de existência. A pessoa como no caso do candomblé, constitui o lugar de produção dessa conjunção. [...] A preservação da identidade dos personagens envolvidos (isto é, dos "espíritos", assim como dos sujeitos empíricos que lhes dão suporte) constitui um pressuposto da doutrina. O que se observa é que ela opera no eixo vertical, uma vez que se entende que o encontro de seres de mesma natureza, porém desiguais quanto ao seu grau de "desenvolvimento espiritual", concretizando-se por meio de relações assimétricas, de ordem hierárquica. A ideia de "faixas vibratórias", espécie de campo virtual de construção das relações de convivência entre vivos e entre estes "espíritos", complementam essa visão, sugerindo que os vínculos construídos na experiência mediúnica são de "ordem moral".
            Tal como no candomblé, acreditam os adeptos do espiritismo que a prática da mediunidade promove o controle da experiência extática por parte dos sujeitos empíricos [médiuns]. Isto é, uma vez ultrapassada a fase de iniciação, o assujeitamento se torna voluntário. Daí afirmar-se que o médium não é alguém que simplesmente se sujeita à vontade dos "espíritos". Diz-se que é ele quem dá "passagem", "entra em harmonia", "abre seu campo de vibração" para a manifestação do "outro". Com base nessa concepção os espíritas distinguem o transe mediúnico da possessão. "Deixar-se possuir", isto é alienar-se de si, constitui o que eles definem como obsessão, categoria que utilizam para classificar a experiência do aniquilamento da individualidade, isto é, do livre-arbítrio, que define, segundo eles, o ser humano. (STOLL, 2009, p. 16).
            Um outro autor vai um pouco mais além no que tange ao livre-arbítrio e a sujeição aos espíritos. Segundo Vieira (2009, p. 799.) na sessão parapsíquica [entenda por mediúnica] de qualquer gênero estamos apenas nas proximidades ou cercanias das dimensões extrafísicas [isto é mundo espiritual]. Se desejamos conhecer os seus habitantes, os seus ambientes, as suas comunidades atrasadas ou evoluídas, os seus eventos, a sua parageografia, e sua para-sociologia, precisamos entrar e viver, nem que seja temporariamente, nesses mesmos ambientes. Não existem excursões turísticas, programadas para esse fim, portanto, só há um recurso ou alternativa: promover a autoprojeção lúcida para quem já demonstra esforço e disposição em tentativas e esforços continuados. Aqui o autor está dando outra alternativa para a comunicação com o mundo espiritual, o que ele chama de autoprojeção lúcida, significa que a pessoa pode sair do corpo e ter acesso direto ao mundo extrafísico.
            Vieira também aponta  que 5% da humanidade tem algum talento parapsíquico, e que 1% dessa humanidade já se projetou conscientemente para fora do corpo. Também cita algumas vantagens da experiência fora do corpo. Segundo Vieira (2009, p. 803) o projetor(a) consciente dispensa as qualidades destes agentes de mediação e desempenha todas as tarefas diretamente [eliminando a sessão mediúnica] e, com sua presença, vai, vê, vivencia e volta relatando, por si mesmo, tudo sobre a dimensão extrafísica, de primeira mão, sendo o repórter, o comentarista e o exegeta ao mesmo tempo. O autor relata ainda que o projetor consciente pode fora do corpo, se manifestar através de um médium numa sessão mediúnica, mesmo estando encarnado. Relata também que ao invés de esperar ajuda de algum espírito benevolente, a própria pessoa pode ser o espírito bem feitor e trabalhar em equipe junto aos amparadores [espíritos protetores que nos auxiliam].
            Neste artigo vimos uma breve história da mediunidade e do espiritismo e realizou-se um paralelo com a prática da projeção consciente, apontado esta última como alternativa mais anímica, autonômica, e de maior liberdade, em relação a comunicação mediúnica com o mundo dos espíritos. Para aprofundar mais sobre as projeções conscientes tratadas por Vieira, este autor sugere a visita a este link: http://www.parasinapse.blogspot.com.br/2013/07/tecnicas-projetivas.html que descreve as técnicas propostas pelo autor para sair do próprio corpo com lucidez.  

REFERÊNCIAS
1. Almeida e Neto. A mediunidade vista por alguns pioneiros da área mental. Revista Psiquiatria Clínica. 31 (3); 132-141, 2004.
2. Alvarado, Machado, Zangari e Zingrone. Perspectivas históricas da influência da mediunidade na construção de ideias psicológicas e psiquiatricas. Revista Psiquiatria Clínica. 34, supl 1; 42-53, 2007.
3. Stoll. Encenando o invisível: a construção da pessoa em ritos mediúnicos e performances de "auto-ajuda". Religião e Sociedade, RJ, 29 (1): 13-29, 2009.
4. Vieira. Projeciologia, panorama das experiências da consciência fora do corpo humano. 10 ed. Foz do Iguaçu.