quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A autopesquisa e a profilaxia da autosabotagem


Leuzene Salgues
            Sabotagem é a ação ou efeito de sabotar. Significa prejudicar de forma oculta, agindo astutamente contra algo ou alguém ou por meio de resistência passiva.
            Autossabotagem é a ação ou efeito de sabotar a si mesmo, pela criação de armadilhas pensênicas (que envolvem pensamentos, sentimentos e energias), impedidoras da realização das cláusulas da proéxis (programação existencial), estabelecidas a partir dos trafores (traços-força), traços maduros favoráveis à evolução.
            Por ser elaborada a partir das potencialidades conscienciais, toda programação existencial é realizável, ou seja, a consciência tem condições de cumprir as cláusulas pessoais e intransferíveis, condizentes com sua realidade consciencial e nível evolutivo.
            O processo de autossabotagem pode ser um mecanismo de defesa da consciência, como forma de não assumir as responsabilidades e responder pelo potencial que tem. Assumir os próprios talentos, o nível de maturidade e capacidade interassistencial implica em trabalho, em dedicação às causas libertárias e pró-evolutivas, em disciplina e auto-organização, abrindo mão daquilo que não serve ou impede a própria evolução.
            O autossabotador torna-se um expert em desculpas e as usa como se elas fizessem parte de sua manifestação, justificando para si e para os outros, sem perceber as conseqüências dessa prática que o impede de ser verdadeiro. Essa pulsão está relacionada a um rebaixamento de expectativas e proteção da autoimagem, pelo cultivo de um sentimento de covardia que paralisa e o mantém na zona de conforto, evitando qualquer tipo de mudança que possa parecer ameaçadora.
            Em auxílio às consciências interessadas em adquirir um maior discernimento acerca de si mesmo, a Conscienciologia propõe que o objeto de pesquisa básico da consciência seja ela própria, sem transferência de responsabilidades ou autossabotagem, pela falta de fôlego ou priorização, em função da desorganização anticosmoética e autocorrupta ou fuga pessoal.
            Não é fácil viver sem autocorrupções, de modo cosmoético. A consciência é capaz de criar as próprias armadilhas antievolutivas que fragilizam a autoconfiança, a autoestima e a própria vontade. Por isso é preciso aplicar a autopesquisa e verificar por si mesmo, com criticidade, a capacidade de superar os obstáculos de cada dia e aprender a confiar em si, minimizando a necessidade de que outros nos estimulem, ajudem  ou parabenizem.
            É possível encontrar pistas na própria manifestação pensênica do processo de autossabotagem. Pensamentos e sentimentos que demonstram os mecanismos de funcionamento da consciência podem traduzir padrões de menos-valia, carência afetiva, medo de mudança, manutenção da autoimagem idealizada, entre outros.
            A permissão da expansão dos destemperos emocionais bloqueia a capacidade de refletir e encontrar a solução para reverter as circunstâncias. Há um boicote de si quando se estabelece limites aquém do próprio potencial e possibilidades ou quando se permite que outros imponham um jeito de ser. A autopesquisa nos ajuda a identificar o nosso “calcanhar de Aquiles”, o ponto nevrálgico que mina nossas potencialidades, o aspecto intraconsciencial que precisa ser reeducado e autossuperado.
            A vida intrafísica vale por se constituir oportunidade evolutiva essencial à lapidação de nossos traços e ao processo de reeducação de nossas imaturidades. Para tanto, precisamos uns dos outros porque a interassistencialidade é indispensável à evolução. Por isso, não importa se há outras consciências com maior ou menor fôlego quanto ao investimento evolutivo e desenvolvimento de traços impulsionadores da evolução.
            O que interessa, de fato, é ter o foco investigativo em si e procurar entender as verdades relativas de ponta propostas pela Conscinciologia, buscando a teática, a aplicação prática dessas ideias na própria vida em prol da reeducação das imaturidades e reciclagem de si próprio, sem queixas e sem deslocar a análise crítica de si, fazendo uso da autopesquisa para o enfrentamento e superação da autossabotagem.
Leuzene Salgues é Pedagoga, pesquisadora e voluntária do INTERCAMPI.

Fonte: Site da Intercampi, postado em 28/janeiro de 2010.
http://intercampi.org/2010/01/28/artigo-a-autopesquisa-e-a-profilaxia-a-autossabotagem/

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