domingo, 24 de fevereiro de 2013

Binômio admiração-discordância


Ana Cláudia Prado
            O binômio admiração-discordância, de acordo com a Conscienciologia, ciência que estuda a consciência (ego, personalidade, alma, espírito, eu, entre outros) de modo mais amplo e integral, considerando que a mesma, com seus múltiplos veículos de manifestação consciencial, obtém experiências decorrentes de várias existências, seja nesta e em outras dimensões, é a postura da consciência, madura quanto à evolução consciencial, que já sabe viver em coexistência pacífica com a outra consciência, de quem gosta e a quem admira, e, ao mesmo tempo, com a qual não concorda sempre, ou 100%, quanto aos pontos de vista, opiniões ou posicionamentos pessoais.
            O termo binômio surgiu em 1803, é derivado do idioma Grego, dis, “duas vezes”; e nome, “parte, divisão”. É a expressão composta pelo confronto entre duas idéias capazes de levar à expansão da cognição, conhecimento e percepção. Compreende-se também como entrelaçamento cognitivo entre expressões compostas.
            Entende-se por admiração uma ação ou um resultado de admirar ou admirar-se, ou ainda, um sentimento de estima, orgulho ou simpatia por alguém. Já a discordância é a ação ou efeito de discordar de situações onde aparecem diferenças de opiniões, a falta de harmonia, enfim, há uma nítida incompatibilidade de pontos de vista. Há alguém de quem você discorda e que admira muito?
            Sabendo conviver pacificamente com o outro pelo binômio admiração-discordância, a consciência, em seu grupo, torna-se um exemplo de senso universalista, antissectarismo. Sai da condição de vítima para a condição de arrimo interconsciencial assistencial. É a consciência que serve de apoio, auxílio na evolução ou nas renovações das outras consciências do seu grupo de convivência. Para ela, o prioritário da convivência em grupo é fazer assistência em razão da autolucidez quanto à evolução consciencial.
            Por outro lado, colocar em prática este binômio não é tarefa fácil. Admirar e discordar ao mesmo tempo, estar lúcido quanto à importância da convivência pacífica para a evolução pessoal e grupal, exige da consciência uma postura madura expressada pelo abertismo e flexibilidade aos posicionamentos, ideias, pontos de vista e opiniões daqueles de quem discordamos 100%.
            Muitas vezes, por pequena discordância de ideia que uma consciência vivencie com outra, entram em conflito e proporcionam um clima desagradável na relação, o que pode se tornar um obstáculo na realização das tarefas grupais.
            As consciências mais lúcidas quanto ao processo da evolução consciencial podem sentir-se mais afinizadas com este binômio em razão do compromisso com a interassistência.
            O exercício de admirar e discordar exige abrir mão de imaturidades. Com o tempo, promove uma reflexão profunda sobre si mesmo e resulta em reciclagens íntimas de natureza emocional, energética e de ideias a respeito tanto do outro quanto de si mesmo, auxiliando nas reconciliações entre as partes e na reeducação dos processos das interrelações, possibilitando um convívio mais sadio e pró-evolutivo.
            A consciência mais atilada quanto à autopesquisa (estudo de si mesmo) percebe que as mudanças pessoais acontecem de forma cosmoética, respeitando sempre o nível de maturidade. Nada acontece de uma hora para outra. O esforço pessoal com discernimento, e é fundamental para o desenvolvimento deste binômio.
            A Conviviologia, especialidade da Conscienciologia que estuda a relação entre as consciências e suas consequências holocármicas e evolutivas, ressalta que a aplicabilidade deste binômio dinamiza as interrelações conscienciais no grupo evolutivo, seja na família, no trabalho, na escola ou em instituições sociais, porque a pessoa começa a interagir mais com o outro, a quem admira e de quem discorda, sem apriorismos ou julgamentos e, com o tempo, ajuda a compreender o outro e a conhecê-lo melhor.
            A discordância é salutar para o crescimento do grupo e para renovações, do contrário é rigidez. Só admirar não é uma postura pacífica e não é garantia de que a consciência fique mais produtiva e que amplie a interassistência. A consciência que só discorda não percebe as contribuições que a outra pode exprimir e não concede que a outra a admire.
            No universo da Proexologia, ciência que estuda a Proéxis ou programação de vida, para a execução satisfatória da proéxis, é preferível o exercício do binômio admiração-discordância, e permitir que a consciência trabalhe junto a outra, a apenas discordar e impossibilitar a convivência  e continuar sem gostar da outra, interferindo no seu trabalho e, ainda, não aproveitar a oportunidade para fazer a reconciliação.
            Como medida profilática, vale a pena não esperar um desentendimento crítico ou uma desavença mais séria para vivenciar este binômio, e sim fazer uma reflexão e identificar os pontos de admiração e discordância das pessoas com as quais convivemos com mais proximidade e investir na vivência da postura pacífica do binômio admiração-discordância.
            Questionamento: Você já consegue viver, no dia-a-dia, o binômio admiração-discordância?
Ana Cláudia Prado é Psicopedagoga, professora e pesquisadora voluntária da Conscienciologia

Fonte: Site da Intercampi postada em 8/abril de 2010.
http://intercampi.org/2010/04/08/artigo-binomio-admiracao-discordancia/

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