Iara
Suassuna
O ato de assistir, ajudar, socorrer, atender e auxiliar é
relativamente simples, podendo ser exercitado em pequenas ações, de acordo com
nossos princípios e valores. No entanto, para algumas pessoas uma ação simples
como doação de sangue parece uma realidade ainda distante. Esse é o panorama
das relações sociais hoje, no tangente à cooperação e à solidariedade, ainda tão
incipiente neste planeta hospital-escola.
Desde as mínimas ações de civilidade e boas maneiras até
as ações solidárias de cooperação sincera e fraterna entre as pessoas, são
raras as iniciativas. Poderemos então, refletir sobre o nosso posicionamento
frente a essa realidade? Qual a nossa disponibilidade íntima, desejo ou
interesse de nos tornarmos seres assistenciais?
Há uma tendência egocêntrica de atuarmos, frequentemente,
em prol de nossos próprios interesses, ou em algumas situações até com
interesse assistencial, desde que as pessoas envolvidas sejam do nosso ciclo
familiar ou social. A assistência desprovida de interesse egocêntrico é uma
atitude a ser desenvolvida rumo ao altruísmo inevitável, ante a aquisição de
maior nível de maturidade consciencial. O amadurecimento é fruto da compreensão
de que a assistência interconsciencial madura é condição indispensável para a
evolução.
De acordo com a Assistenciologia, especialidade da
Conscienciologia aplicada as técnicas de amparo e auxílio interassistencial, a
assistência é sinônimo de partilha, acontece de modo espontâneo, sem esperar
reconhecimento ou recompensa.
A assistência realizada pode ser primária, relacionada às necessidades básicas humanas, exigindo menor
esforço, chamada de Tarefa da Consolação, ou pode ser avançada, focada no esclarecimento mais amplo, com emprego do
discernimento e cosmoética em prol da ajuda efetiva quanto a evolução
consciencial das demais consciências, chamada de Tarefa do Esclarecimento,
sendo esta modalidade de efeito mais duradouro e promotora do desenvolvimento
da autonomia no assistido.
O assistente do esclarecimento não tem mais necessidades
de pedir para si e não mais posterga suas responsabilidades porque passa a
atuar através do exemplarismo de suas condutas autocríticas. Seja nas tarefas
assistenciais primarias ou nos desafios evolutivos da tarefa do esclarecimento,
a assistência não escolhe dia, hora ou local. O assistente deve está sempre
pronto a atuar de acordo com suas potencialidades.
Há uma lei básica na assistencialidade embasada no
principio que, o menos doente, mais experiente, ajuda o mais doente, menos
experiente. Desse
modo, tem sempre alguém a quem podemos ajudar, bem como podemos ser assistidos
em algum aspecto consciencial.
Com a dinamização da comunicação, efeito do mundo
globalizado, ninguém teve antes, neste planeta, tantas oportunidades de
contatos interpessoais capazes de dinamizar a própria evolução através das
possibilidades assistenciais. Essas oportunidades de ajudar os demais podem
surgir impostas pelo contexto da própria vida humana e de circunstâncias
grupocármicas ou geradas pela vontade e determinação da consciência.
Vale a pena o aprofundamento na autopesquisa e o
investimento na melhoria dos seus desempenhos maduros, ampliando cada vez mais
a compreensão da relação evolução-assistência.
Portanto, leitor, não espere estar totalmente preparado
para assistir, comece hoje, observando as demandas do mundo em volta, as oportunidades de ser assistencial serão muitas.
Iara Suassuna é psicóloga e voluntária do INTERCAMPI.
Fonte: Site da
Intercampi postada em 13/maios 2010.
http://intercampi.org/2010/05/13/artigo-ser-assistencial/
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