Sempre é bom pensar bem do outro, ou seja, de qualquer
consciência, para que seja possível realizar a assistência que atenda a
necessidade da mesma em um momento oportuno de (re)encontro multidimensional.
Ao se pensar bem de qualquer consciência, estamos contribuindo com os
amparadores daquela consciência a ser assistida em qualquer dimensão, o que
facilita o trabalho dos mesmos.
A qualidade assistencial tem a ver com a intencionalidade
do assistente. Se no momento de realizar essa tarefa ele estiver com o seu
padrão de pensenes (pensamentos, sentimentos e energias) hígido, o mesmo poderá
ser assertivo e ampliar a compreensão acerca da necessidade assistencial do
outro. Se ocorrer o contrário, ou seja, os pensenes estiverem desorganizados ou
entrópicos, se perderá a oportunidade de se vivenciar um momento assistencial
de qualidade.
Muitas consciências não conseguem sequer pensar bem de si
mesmas e isso também é um impeditivo a autoassistência, uma vez que a
consciência entra em um estado de desvalorização pessoal que a deixa em uma
condição de baixa autoestima e com isso não consegue ser assistencial nos
ambientes em que se manifesta. E o mais grave, estas consciências vitimizadas
acabam se afinizando com consciências emocionalmente enfermas, contribuindo na
manutenção de ambientes patológicos.
Toda e qualquer consciência que se propõe ao trabalho de
desenvolvimento assistencial na multidimensionalidade deverá desenvolver a sua
atenção ou hiperacuidade para os diversos contextos em que poderá ocorrer uma
solicitação à sua capacidade de assistir, seja através de suas ideias
esclarecedoras, seus sentimentos fraternos ou suas energias pacificadoras.
Da mesma forma, toda consciência a ser assistida tem uma
necessidade que, muitas vezes, não é compreendida nem por si própria nem por
quem se propõe a assisti-la. Nesse caso, observa-se que pela simples interação
facilitada entre ambos, pelo acolhimento e respeito ao outro, já poderão ser
assistenciais, uma vez que esse padrão de energias fraternas facilita a atuação
dos amparadores de modo que seja feito o necessário e o possível àquela
consciência que se apresenta em condição desfavorável.
Neste sentido, torna-se importante preservar a higidez
pensênica o tempo todo. Isso é possível através do esforço em manter pensamentos
e sentimentos cosmoéticos e fraternos, buscar ter experiências reflexivas, ter
leituras mais críticas e menos emocionais, desenvolver estudos que promovam a
criticidade, buscar a mobilização de energias, e outros tantos recursos que
possam contribuir para a ampliação da lucidez e do mentalsoma, corpo mental da
consciência.
Na multidimensionalidade, o assistente se depara com
vários níveis conscienciais que, dependendo do padrão pensênico do ambiente
(conjunto de pensenes ou holopensene), pode caracterizar a possibilidade maior
ou menor de acesso assistencial. Neste sentido, consciências patológicas que
exteriorizam pensenes doentios e se afinizam pelo padrão holopensênico poderão
dificultar a entrada e permanência de um novo padrão asssistencial e renovador,
dificultando a realização de assistência. No entanto, as consciências
afinizadas por pensenes hígidos facilitam a interassistência no momento em que
o assistente se propõe ou é solicitado à realização da tarefa.
Portanto, vale o esforço contínuo de se pensar bem do
outro, suspender as suas crenças e pressupostos em relação a qualquer
consciência, para, assim, se efetivar uma assistência com qualidade.
Diante disto, o trabalho assistencial desenvolvido em
qualquer dimensão consciencial poderá ser melhorado, continuamente, a partir da
intencionalidade do assistente em engajar-se no compromisso de ajudar na
profilaxia dos ambientes em que se manifesta. Com isso, as consciências
imaturas saem ganhando quanto à qualidade da assistência que recebem, porque os
pensenes desta consciência envolvida com a assistencialidade cosmoética
exterioriza energias compatíveis com a sua intencionalidade. Neste sentido, o
enfoque dado à coerência pensênica em todas as atuações e experiências do
assistente possibilita uma vivência impar no seu microuniverso consciencial que
acaba ajudando o mesmo a compreender e aprender no processo assistencial.
Andréa Nascimento é pedagoga,
pesquisadora e voluntária da Intercampi.
Fonte: Site da Intercampi
postada em 21/janeiro de 2010.
http://intercampi.org/2010/01/21/artigo-higiene-mental-e-assistencia/
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