O
que vem a ser religião?
A maioria das pessoas pertencentes a
grupos religiosos, assim como a maior parte daquelas antagônicas a quaisquer
credos, não suspeitam quão grande é o volume dos complexos estudos para a
determinação da natureza do tema “religião”. De modo geral, nas culturas
ocidentais, o substantivo religião designa
o sistema de doutrinas e preceitos de fé, a instituição sagrada. Tal
instituição compreende elementos intelectuais, rituais, éticos e sociais
unificados sob a égide da crença num horizonte trans-humano, seja este
sobrenatural ou idealístico, descrito em forma de mito ou doutrina dogmática.
O
que vem a ser a pessoa religiosa?
O adjetivo religioso indica o traço fundamental de quem se pauta pela religiosidade, a assunção de condutas ou
posturas vivenciais orquestradas pelo imperativo
da crença.
Quais
as variáveis são encontradas na personalidade religiosa?
Eis, listadas em ordem alfabética, 35
variáveis encontradas em diferentes tradições espirituais, traços aos quais se
poderia sobrepor o adjetivo “religioso”.
01. Adoração
prestada a objetos e personalidades;
02. Atitude
missionária ou proselitismo;
03. Códigos morais e
preceitos reguladores do comportamento dos fiéis;
04. Comunicação com
esferas consideradas transcedentes (orações, litanias, invocações);
05. Delimitações de
espaços sacros e profanos;
06. Dependência
radical ao ser todo-poderoso ou a grupo de entidades consideradas
ontologicamente superiores;
07. Discurso de alto
apelo emocional;
08. Doutrinação
(imposição de ideias e interpretações irrefutáveis);
09. Dualismo
corpo-espírito;
10. Elaboração de
conceitos dogmáticos e instauração de verdades absolutas;
11. Experiência da
culpa e inadequação diante da sacralidade;
12. Experiência da
fé (crença transformada em entrega
existencial aos pretensos planos divinos);
13. Experiências
realizadas no tempo e recompensadas ou punidas na eternidade (conceitos de
paraíso e inferno);
14. Extensão do
poder espiritual sobre o plano temporal na forma de teocracia;
15. Invocação dos
mortos;
16. Manutenção de
liturgia ou rituais estabelecidos;
17. Necessidade de
expiar culpas mediante a realização de sacrifícios;
18. Oferta de
salvação;
19. Perpetuação de
mitos e escrituras sagradas;
20. Personificação
do mal (Satã, demônio, inimigo maligno, anjo das trevas);
21. Pertença ao
grupo, comunidade ou igreja mediante rito de iniciação;
22. Primazia do
simbólico sobre o factual;
23. Procura do
milagre, considerado como interferência divina sobre o plano da natureza;
24. Promessa de
finalização da história humana (juízo final, apocalipse, armagedom, fim dos
tempos) e a distribuição de consequentes prêmios e castigos, segundo a crença
do grupo;
25. Promoção de
estados alterados de consciência (ingestão de substâncias alucinógenas, transe
hipnótico, ritmos sugestivos, entre outros);
26. Repressão,
perseguição e punição aos dissidentes;
27. Reverência e imitação dos modelos considerados santos;
28. Sacralização de
objetos com a finalidade de proteção contra forças contrárias visíveis e
invisíveis (amuletos);
29. Sentimentos e
emoções considerados unidades de medida da experiência;
30. Submissão à
mediação de autoridades representativas do sagrado;
31. Supervalorização
da crença em detrimento do conhecimento experimental;
32. Tarefas
assistenciais consolatórias vinculadas a ideia de recompensa futura;
33. Templos e
construções portentosos, cuja finalidade é expressar a grandeza e poder do
presumido ser divino em contraste com a insignificância e desamparo humano;
34. Utilização da
arte (música, pintura, escultura, entre outras) qual modo de despertar e
aumentar o sentimento religioso nos fiéis;
35. Vivências que
remetem indivíduos e grupos à sensação de experimentar plano mais profundo de
realidade, ultrapassando o limiar da materialidade.
Qual a origem da religião?
Após mais de um século de debates,
inexiste consenso entre os cientistas quanto à determinação precisa da origem
da religiosidade. Contudo, os divergentes paradigmas interpretativos gravitam
em torno dos mesmos fenômenos, observados universalmente na multiplicidade das
culturas primitivas, aproximação com as forças da natureza, noção de “alma” ou
“espírito” e comunicação com as almas dos mortos. Embora as teorias oferecidas
pelos antropólogos e cientistas sociais considerem terem os indivíduos
primitivos “inventado intelectualmente as
noções relacionadas à imaterialidade dos fenômenos originantes das crenças”.
Há a hipótese de haver na origem dos
conceitos de alma ou espírito, não a pura fantasia dos primitivos, mas a
parapercepção, isto é, a experiência perceptiva dos fenômenos parapsíquicos.
Poderia
dar exemplos de ocorrências parapsíquicas presentes nas tradições religiosas?
Destacam-se 5 exemplos a seguir,
elencados em ordem cronológica:
1.
Hinduísmo. A crença nas
divindades hindus, contadas aos milhares, podem ter se originado de
experiências de projeção consciente, por
meio das quais sociedades extrafísicas e seus habitantes de aspecto diferente
do humano foram vistos. Também o fenômeno da clarividência, isto é, a parapercepção visual de consciências
extrafísicas podem ter gerado nos místicos a ilação de terem visto “deuses”.
2.
Judaísmo. Histórias sobre
arrebatamentos de profetas e homens santos, a exemplo dos personagens bíblicos
Elias e Ezequiel, possivelmente referem-se ao fenômeno da parateleportação humana – combinação dos fenômenos de
desmaterialização, levitação, aporto e rematerialização, no qual se dá o
repentino desaparecimento da pessoa e seu reaparecimento em outro lugar.
3.
Budismo. A “iluminação
de Buda (Sidharta Gautama, 563-483 a.e.c), sob a árvore às margens do rio
Nairanjana, pode ter sido a experiência de cosmoconsciência
– expansão máxima de lucidez, na qual a consciência sente “a presença viva
do Universo e se torna una com ele”, de modo indivisível.
4.
Cristianismo. As aparições de
Jesus após a morte, consideradas pelos cristãos ao modo de “provas” da
ressureição, podem ter sido o efeito de materialização
de consciex – a visualização da forma do psicossoma da consciência
extrafísica, possibilitada pela emanação de ectoplasma do corpo dos médiuns –
fenômeno relativamente comum em sessões mediúnicas.
5.
Islamismo. A redação do
Alcorão, o livro santo dos Islã, “ditado” a Muhammad pelo “Anjo Gabriel” foi,
possivelmente, resultado de psicografia –
modo de escrita parapsíquica resultante da comunicação entre o paracérebro da
consciência extrafísica e o paracérebro do sensitivo.
Poderia dar mais exemplos de personalidades
religiosas da história que tiveram a vivência de fenômenos parapsíquicos e que
interpretaram como milagres ou sinal de predileção divina?
Relatos
hagiográficos indicam o quanto o parapsíquismo é fato inconteste nas
manifestações dos santos, a exemplo destes dez, listados em ordem alfabética:
01. Antônio de Pádua (1195-1232). Bilocação,
clarividência, pré-cognição e domínio bioenergético (Antônio tornou-se figura
extraordináriamete popular em razão das curas e fenômenos de efeito físico
produzidos em larga escala);
02. Brígida da Suécia (1302-1373). Clarividência e
psicografia (levava mensagens de consciexes aos familiares intrafísicos
destas);
03. Clara de Assis (1194-1253). Fenômeno de
efeito físico, clarividência viajora (é apelidada “padroeira da televisão” pela
habilidade de assistir à missa em capela distante enquanto permanecia presa ao
leito pela enfermidade);
04. Joana d’ Arc (1412-1431). Clariaudiência
(vozes de origem extrafísica a impeliram à guerra contra os ingleses);
05. João Bosco (1815-1888). Clarividência e
pré-cognição (comunicava-se com o falecido amigo e era perseguido por vários
antagonistas extrafísicos);
06. José de Cupertino (1603-1663). Levitação,
bilocação, pré-cognição (costumava levitar espontaneamente ao se aproximar do
altar, motivo pelo qual foi chamado de “santo voador”);
07. Margarida Maria Alacoque (1647-1690). Clarividência e
clariaudiência(entre as consciexes percebidas, atribuía a duas delas a
identidade de Jesus e Maria);
08. Pedro de Alcântara (1701-1800). Fenômenos de
efeito físico, psicopiroforia (produção de fogo espontâneo), projeção
consciente, bilocação, transfiguração;
09. Pio de Pietrelcina (1887-1968). Bilocação e
clarividência (no confessionário, Pio era capaz de acessar, mediante acoplamento
áurico, as informações ocultadas pelos penitentes).
10. Teresa d’Avilá (1515-1582). Clarividência e
clariaudiência (entre as consciexes percebidas, algumas se manifestavam na
formade santos do passado).
O engano parapsíquico pode ocorrer mesmo
às consciências já preparadas para abordagens mais críticas. Emoção e
deslumbramento por determinadas parapercepções podem levar à diminuição da
lucidez e precipitar a consciência em erros sectários e arroubos místicos.
Exemplo desconcertante é a biografia do polímata sueco Emanuel Swedenborg
(1688-1772) tornou se precursor dos estudos projeciológicos mediante composição
do Díario Espiritual, compilação de
relatos de projeções lúcidas. Apesar do avançado grau de informação a respeito
dos estados conscienciais dos habitantes das dimensões extrafísicas o erudito
deixou de aplicar às experiências parapsíquicas pessoais o rigor científico
habitualmente dedicado a outras áreas. Convencido de ter vivenciado uma
epifania e ser escolhido por “Deus” para reformar o cristianismo, Swedenborg
fundou nova igreja e sucumbiu à sedução do raciocínio teológico.
É
possível que uma religião seja universalista?
Inúmeros grupos místicos se
autodenominam universalistas e muitas religiões se arvoram a missão de propagar
a salvação universal do gênero humano. Contudo, mesmo o olhar mais superficial
a historiografia das instituições religiosas no Planeta vai revelar não existir
religião verdadeiramente universalista. A ideia
de universalismo esta vinculada à legítima abertura da consciência considerada
semperaprendente, cujas manifestações
são incompatíveis com os preconceitos, fanatismos, idolatrias,dogmas,
nacionalismos, facciosismos, paroquialismos, apriorismos, provincianismos ou
sectarismos de qualquer natureza. O universalismo é a ideia norteadora da
consciência crítica, cujo alvo é atingir a verdade, compreendendo-a, porém,
enquanto verdade relativa de ponta, isto
é, o entendimento possível em determinado momento da marcha evolutiva da
Humanidade.
Poderia
citar alguns conflitos religiosos na história?
Eis 9 eventos históricos de conflitos
religiosos:
01. A primeira Cruzada (1095-1099)
02. Inquisição medieval (1184-1230)
03. A quarta Cruzada (1202-1204)
04. A Cruzada das Crianças (1212)
05. Inquisição Espanhola (1478-1834)
06. As Guerras Religiosas Francesas (1562-1598)
07. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
08. A revolta chinesa de Taiping (1850-1871)
09. Os atentados terroristas em Nova York (11/09/2001)
Quais
as diferenças entre a religião e a conscienciologia?
É preciso esclarecer a ocorrência de
temas comuns entre a Conscienciologia e as religiões. O estudo integral da
consciência imerge o pesquisador na autovivência parapsíquica, algo desde
sempre explorado na religião em chave mística e ocultista. Eis alguns pontos de
ruptura entre Conscienciologia e religião:
Religião
Conscienciologia
Vivência do sectarismo
|
Afirmação do universalismo
|
Dogmas, verdades absolutas,
infalibilidade; neofobia
|
Autopesquisa, verdades relativas de
ponta, neofilia
|
Submissão à autoridade, terceirização
das escolhas existenciais
|
Afirmação da autonomia da consciência,
assunção da inteligência evolutiva
|
Investimento na emoção
|
Investimento na racionalidade
|
Doutrinação, lavagem cerebral
|
Princípio da descrença
|
Apologia e ambição pela santidade
|
Evolução autoconsciente
|
Oração, devoções, amuletos
|
Domínio bioenergético
|
Conversão ao modo de adequação à
coerção psicológica
|
Reciclagem intraconsciencial
|
Manutenção da mitologia
|
Aplicação da lógica
|
Milagres, autosugestão, hipnose
coletiva
|
Parapsiquismo lúcido e assistencial
|
Tarefa da consolação
|
Tarefa do esclarecimento
|
Crenças injustificadas
|
Hipóteses justificadas
|
Proselitismo
|
Estímulo à pesquisa
|
Adoração e dependência a supostas
divindades
|
Interassistência multidimensional
|
Livros sagrados e oráculos
|
Gestações conscienciais abertas à
refutação
|
Revisão de pecados e acentuação da
culpa
|
Exame conscienciométrico, análise
sistemática da consciência
|
Teocracia, totalitarismo, inquisições
|
Afirmação a democracia plena
|
Prêmio ou castigo como motivadores da
conduta pessoal
|
Autoresponsabilidade e maturidade
cosmoética
|
Ocultismo e mistificações
|
Pesquisa pública
|
Rituais de invocação; cultos e missas
|
Tarefa energética pessoal (Tenepes)
|
E
quanto a “Deus” como a Conscienciologia vê esta questão?
Quando a religião cristã, ainda nos seus
inícios, passou a dialogar com a Filosofia a fim de ganhar espaço no mundo greco-romano,
o deus judaico-cristão foi transformado em causa primeira e o mundo criado em
prova da existência do divino criador.
A natural orientação lógica do intelecto
humano em associar um efeito a uma causa correspondente suscitou, ao longo da
História, a indagação sobre a causa primeira ou razão originária de
todas as coisas. A Conscienciologia admite, em tese, a existência da causa
primeira ou primopensene, mas não a
identifica com nenhuma das personificações mitológicas criadas pelas religiões
do Planeta. Tampouco teoriza a respeito desse princípio originário, pois
qualquer especulação desse porte recai em campo inacessível à experiência
humana atual.
Haveria
algo que se possa comparar há um ser divino no sentido de nível espiritual
segundo os estudos Conscienciológicos?
As experiências projetivas orientadas
pelo princípio da descrença, apontam o fato da inter-relação entre as
consciências, na qual existe diversidade de níveis evolutivos. Amparadores extrafísicos auxiliam
consciências intrafísicas nos trabalhos de assistência multidimensional e
remetem a orientadores evolutivos, consciências
cuja atuação possui alcance policármico mais amplo. Os experimentos de
múltiplos pesquisadores com essas consciências extrafísicas permite supor a
existência de estágios mais altos na hierarquia evolutiva, levando
hipoteticamente à suposição da existência do modelo evolutivo máximo no
contexto da experiência na Terra. Esse hipotético modelo, cuja atuação
policármica e domínio energético suplantam os demais níveis, é chamado de Homo sapiens serenissimus (Serenões). Após
este nível, começa o campo da mateologia, e as consciências aí situadas são
chamadas hipoteticamente de consciências livres.
Onde
a religião termina?
A pergunta sobre o fim da religião não
pode ser respondida em termos cronológicos. Qualquer previsão sobre o “quando”
da erradicação do fenômeno religioso na Terra seria prematura e temerária.
Hoje, a simples constatação da predominância da crença religiosa na maioria dos
países sugere o quanto a Humanidade está distante de banir a superstição. A religião termina no íntimo da consciência,
o exato lugar onde, em determinado momento, o autoengano começou.
A religião termina onde a
autoconsciência cosmoética começa.
Fonte:
Ondea religião termina.
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