quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Religião


O que vem a ser religião?
A maioria das pessoas pertencentes a grupos religiosos, assim como a maior parte daquelas antagônicas a quaisquer credos, não suspeitam quão grande é o volume dos complexos estudos para a determinação da natureza do tema “religião”. De modo geral, nas culturas ocidentais, o substantivo religião designa o sistema de doutrinas e preceitos de fé, a instituição sagrada. Tal instituição compreende elementos intelectuais, rituais, éticos e sociais unificados sob a égide da crença num horizonte trans-humano, seja este sobrenatural ou idealístico, descrito em forma de mito ou doutrina dogmática.

O que vem a ser a pessoa religiosa?
O adjetivo religioso indica o traço fundamental de quem se pauta pela religiosidade, a assunção de condutas ou posturas vivenciais orquestradas pelo imperativo da crença.

Quais as variáveis são encontradas na personalidade religiosa?
Eis, listadas em ordem alfabética, 35 variáveis encontradas em diferentes tradições espirituais, traços aos quais se poderia sobrepor o adjetivo “religioso”.
01.  Adoração prestada a objetos e personalidades;
02.  Atitude missionária ou proselitismo;
03.  Códigos morais e preceitos reguladores do comportamento dos fiéis;
04.  Comunicação com esferas consideradas transcedentes (orações, litanias, invocações);
05.  Delimitações de espaços sacros e profanos;
06.  Dependência radical ao ser todo-poderoso ou a grupo de entidades consideradas ontologicamente superiores;
07.  Discurso de alto apelo emocional;
08.  Doutrinação (imposição de ideias e interpretações irrefutáveis);
09.  Dualismo corpo-espírito;
10.  Elaboração de conceitos dogmáticos e instauração de verdades absolutas;
11.  Experiência da culpa e inadequação diante da sacralidade;
12.  Experiência da fé  (crença transformada em entrega existencial aos pretensos planos divinos);
13.  Experiências realizadas no tempo e recompensadas ou punidas na eternidade (conceitos de paraíso e inferno);
14.  Extensão do poder espiritual sobre o plano temporal na forma de teocracia;
15.  Invocação dos mortos;
16.  Manutenção de liturgia ou rituais estabelecidos;
17.  Necessidade de expiar culpas mediante a realização de sacrifícios;
18.  Oferta de salvação;
19.  Perpetuação de mitos e escrituras sagradas;
20.  Personificação do mal (Satã, demônio, inimigo maligno, anjo das trevas);
21.  Pertença ao grupo, comunidade ou igreja mediante rito de iniciação;
22.  Primazia do simbólico sobre o factual;
23.  Procura do milagre, considerado como interferência divina sobre o plano da natureza;
24.  Promessa de finalização da história humana (juízo final, apocalipse, armagedom, fim dos tempos) e a distribuição de consequentes prêmios e castigos, segundo a crença do grupo;
25.  Promoção de estados alterados de consciência (ingestão de substâncias alucinógenas, transe hipnótico, ritmos sugestivos, entre outros);
26.  Repressão, perseguição e punição aos dissidentes;
27.  Reverência  e imitação dos modelos considerados santos;
28.  Sacralização de objetos com a finalidade de proteção contra forças contrárias visíveis e invisíveis (amuletos);
29.  Sentimentos e emoções considerados unidades de medida da experiência;
30.  Submissão à mediação de autoridades representativas do sagrado;
31.  Supervalorização da crença em detrimento do conhecimento experimental;
32.  Tarefas assistenciais consolatórias vinculadas a ideia de recompensa futura;
33.  Templos e construções portentosos, cuja finalidade é expressar a grandeza e poder do presumido ser divino em contraste com a insignificância e desamparo humano;
34.  Utilização da arte (música, pintura, escultura, entre outras) qual modo de despertar e aumentar o sentimento religioso nos fiéis;
35.  Vivências que remetem indivíduos e grupos à sensação de experimentar plano mais profundo de realidade, ultrapassando o limiar da materialidade.

 Qual a origem da religião?
Após mais de um século de debates, inexiste consenso entre os cientistas quanto à determinação precisa da origem da religiosidade. Contudo, os divergentes paradigmas interpretativos gravitam em torno dos mesmos fenômenos, observados universalmente na multiplicidade das culturas primitivas, aproximação com as forças da natureza, noção de “alma” ou “espírito” e comunicação com as almas dos mortos. Embora as teorias oferecidas pelos antropólogos e cientistas sociais considerem terem os indivíduos primitivos “inventado intelectualmente as noções relacionadas à imaterialidade dos fenômenos originantes das crenças”.
Há a hipótese de haver na origem dos conceitos de alma ou espírito, não a pura fantasia dos primitivos, mas a parapercepção, isto é, a experiência perceptiva dos fenômenos parapsíquicos.  

Poderia dar exemplos de ocorrências parapsíquicas presentes nas tradições religiosas?
Destacam-se 5 exemplos a seguir, elencados em ordem cronológica:
1.      Hinduísmo. A crença nas divindades hindus, contadas aos milhares, podem ter se originado de experiências de projeção consciente, por meio das quais sociedades extrafísicas e seus habitantes de aspecto diferente do humano foram vistos. Também o fenômeno da clarividência, isto é, a parapercepção visual de consciências extrafísicas podem ter gerado nos místicos a ilação de terem visto “deuses”.
2.      Judaísmo. Histórias sobre arrebatamentos de profetas e homens santos, a exemplo dos personagens bíblicos Elias e Ezequiel, possivelmente referem-se ao fenômeno da parateleportação humana – combinação dos fenômenos de desmaterialização, levitação, aporto e rematerialização, no qual se dá o repentino desaparecimento da pessoa e seu reaparecimento em outro lugar.
3.      Budismo. A “iluminação de Buda (Sidharta Gautama, 563-483 a.e.c), sob a árvore às margens do rio Nairanjana, pode ter sido a experiência de cosmoconsciência – expansão máxima de lucidez, na qual a consciência sente “a presença viva do Universo e se torna una com ele”, de modo indivisível.
4.      Cristianismo. As aparições de Jesus após a morte, consideradas pelos cristãos ao modo de “provas” da ressureição, podem ter sido o efeito de materialização de consciex – a visualização da forma do psicossoma da consciência extrafísica, possibilitada pela emanação de ectoplasma do corpo dos médiuns – fenômeno relativamente comum em sessões mediúnicas.
5.      Islamismo. A redação do Alcorão, o livro santo dos Islã, “ditado” a Muhammad pelo “Anjo Gabriel” foi, possivelmente, resultado de psicografia – modo de escrita parapsíquica resultante da comunicação entre o paracérebro da consciência extrafísica e o paracérebro do sensitivo.

    Poderia dar mais exemplos de personalidades religiosas da história que tiveram a vivência de fenômenos parapsíquicos e que interpretaram como milagres ou sinal de predileção divina?
Relatos hagiográficos indicam o quanto o parapsíquismo é fato inconteste nas manifestações dos santos, a exemplo destes dez, listados em ordem alfabética:
01.  Antônio de Pádua (1195-1232). Bilocação, clarividência, pré-cognição e domínio bioenergético (Antônio tornou-se figura extraordináriamete popular em razão das curas e fenômenos de efeito físico produzidos em larga escala);
02.  Brígida da Suécia (1302-1373). Clarividência e psicografia (levava mensagens de consciexes aos familiares intrafísicos destas);
03.  Clara de Assis (1194-1253). Fenômeno de efeito físico, clarividência viajora (é apelidada “padroeira da televisão” pela habilidade de assistir à missa em capela distante enquanto permanecia presa ao leito pela enfermidade);
04.  Joana d’ Arc (1412-1431). Clariaudiência (vozes de origem extrafísica a impeliram à guerra contra os ingleses);
05.  João Bosco (1815-1888). Clarividência e pré-cognição (comunicava-se com o falecido amigo e era perseguido por vários antagonistas extrafísicos);
06.  José de Cupertino (1603-1663). Levitação, bilocação, pré-cognição (costumava levitar espontaneamente ao se aproximar do altar, motivo pelo qual foi chamado de “santo voador”);
07.  Margarida Maria Alacoque (1647-1690). Clarividência e clariaudiência(entre as consciexes percebidas, atribuía a duas delas a identidade de Jesus e Maria);
08.  Pedro de Alcântara (1701-1800). Fenômenos de efeito físico, psicopiroforia (produção de fogo espontâneo), projeção consciente, bilocação, transfiguração;
09.  Pio de Pietrelcina (1887-1968). Bilocação e clarividência (no confessionário, Pio era capaz de acessar, mediante acoplamento áurico, as informações ocultadas pelos penitentes).
10.  Teresa d’Avilá (1515-1582). Clarividência e clariaudiência (entre as consciexes percebidas, algumas se manifestavam na formade santos do passado).

O engano parapsíquico pode ocorrer mesmo às consciências já preparadas para abordagens mais críticas. Emoção e deslumbramento por determinadas parapercepções podem levar à diminuição da lucidez e precipitar a consciência em erros sectários e arroubos místicos. Exemplo desconcertante é a biografia do polímata sueco Emanuel Swedenborg (1688-1772) tornou se precursor dos estudos projeciológicos mediante composição do Díario Espiritual, compilação de relatos de projeções lúcidas. Apesar do avançado grau de informação a respeito dos estados conscienciais dos habitantes das dimensões extrafísicas o erudito deixou de aplicar às experiências parapsíquicas pessoais o rigor científico habitualmente dedicado a outras áreas. Convencido de ter vivenciado uma epifania e ser escolhido por “Deus” para reformar o cristianismo, Swedenborg fundou nova igreja e sucumbiu à sedução do raciocínio teológico.

É possível que uma religião seja universalista?
Inúmeros grupos místicos se autodenominam universalistas e muitas religiões se arvoram a missão de propagar a salvação universal do gênero humano. Contudo, mesmo o olhar mais superficial a historiografia das instituições religiosas no Planeta vai revelar não existir religião verdadeiramente universalista. A ideia de universalismo esta vinculada à legítima abertura da consciência considerada semperaprendente, cujas manifestações são incompatíveis com os preconceitos, fanatismos, idolatrias,dogmas, nacionalismos, facciosismos, paroquialismos, apriorismos, provincianismos ou sectarismos de qualquer natureza. O universalismo é a ideia norteadora da consciência crítica, cujo alvo é atingir a verdade, compreendendo-a, porém, enquanto verdade relativa de ponta, isto é, o entendimento possível em determinado momento da marcha evolutiva da Humanidade.

Poderia citar alguns conflitos religiosos na história?
Eis 9 eventos históricos de conflitos religiosos:
01.  A primeira Cruzada (1095-1099)
02.  Inquisição medieval (1184-1230)
03.  A quarta Cruzada (1202-1204)
04.  A Cruzada das Crianças (1212)
05.  Inquisição Espanhola (1478-1834)
06.  As Guerras Religiosas Francesas (1562-1598)
07.  A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
08.  A revolta chinesa de Taiping (1850-1871)
09.  Os atentados terroristas em Nova York (11/09/2001)

Quais as diferenças entre a religião e a conscienciologia?
É preciso esclarecer a ocorrência de temas comuns entre a Conscienciologia e as religiões. O estudo integral da consciência imerge o pesquisador na autovivência parapsíquica, algo desde sempre explorado na religião em chave mística e ocultista. Eis alguns pontos de ruptura entre Conscienciologia e religião:
Religião                                                             Conscienciologia
Vivência do sectarismo
Afirmação do universalismo
Dogmas, verdades absolutas, infalibilidade; neofobia
Autopesquisa, verdades relativas de ponta, neofilia
Submissão à autoridade, terceirização das escolhas existenciais
Afirmação da autonomia da consciência, assunção da inteligência evolutiva
Investimento na emoção
Investimento na racionalidade
Doutrinação, lavagem cerebral
Princípio da descrença
Apologia e ambição pela santidade
Evolução autoconsciente
Oração, devoções, amuletos
Domínio bioenergético
Conversão ao modo de adequação à coerção psicológica
Reciclagem intraconsciencial
Manutenção da mitologia
Aplicação da lógica
Milagres, autosugestão, hipnose coletiva
Parapsiquismo lúcido e assistencial
Tarefa da consolação
Tarefa do esclarecimento
Crenças injustificadas
Hipóteses justificadas
Proselitismo
Estímulo à pesquisa
Adoração e dependência a supostas divindades
Interassistência multidimensional
Livros sagrados e oráculos
Gestações conscienciais abertas à refutação
Revisão de pecados e acentuação da culpa
Exame conscienciométrico, análise sistemática da consciência
Teocracia, totalitarismo, inquisições
Afirmação a democracia plena
Prêmio ou castigo como motivadores da conduta pessoal
Autoresponsabilidade e maturidade cosmoética
Ocultismo e mistificações
Pesquisa pública
Rituais de invocação; cultos e missas
Tarefa energética pessoal (Tenepes)



E quanto a “Deus” como a Conscienciologia vê esta questão?
Quando a religião cristã, ainda nos seus inícios, passou a dialogar com a Filosofia a fim de ganhar espaço no mundo greco-romano, o deus judaico-cristão foi transformado em causa primeira e o mundo criado em prova da existência do divino criador.
A natural orientação lógica do intelecto humano em associar um efeito a uma causa correspondente suscitou, ao longo da História, a indagação sobre  a causa primeira ou razão originária de todas as coisas. A Conscienciologia admite, em tese, a existência da causa primeira ou primopensene, mas não a identifica com nenhuma das personificações mitológicas criadas pelas religiões do Planeta. Tampouco teoriza a respeito desse princípio originário, pois qualquer especulação desse porte recai em campo inacessível à experiência humana atual.

Haveria algo que se possa comparar há um ser divino no sentido de nível espiritual segundo os estudos Conscienciológicos?
As experiências projetivas orientadas pelo princípio da descrença, apontam o fato da inter-relação entre as consciências, na qual existe diversidade de níveis evolutivos. Amparadores extrafísicos auxiliam consciências intrafísicas nos trabalhos de assistência multidimensional e remetem a orientadores evolutivos, consciências cuja atuação possui alcance policármico mais amplo. Os experimentos de múltiplos pesquisadores com essas consciências extrafísicas permite supor a existência de estágios mais altos na hierarquia evolutiva, levando hipoteticamente à suposição da existência do modelo evolutivo máximo no contexto da experiência na Terra. Esse hipotético modelo, cuja atuação policármica e domínio energético suplantam os demais níveis, é chamado de Homo sapiens serenissimus (Serenões). Após este nível, começa o campo da mateologia, e as consciências aí situadas são chamadas hipoteticamente de consciências livres.

Onde a religião termina?
A pergunta sobre o fim da religião não pode ser respondida em termos cronológicos. Qualquer previsão sobre o “quando” da erradicação do fenômeno religioso na Terra seria prematura e temerária. Hoje, a simples constatação da predominância da crença religiosa na maioria dos países sugere o quanto a Humanidade está distante de banir a superstição. A religião termina no íntimo da consciência, o exato lugar onde, em determinado momento, o autoengano começou.

A religião termina onde a autoconsciência cosmoética começa.

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