Andréa Nascimento
As situações de crise que, muitas vezes, vivenciamos são
para a Conscienciologia uma oportunidade de crescimento, de evolução da
consciência. Esse pressuposto quando inserido no nosso dia-a-dia pode nos
trazer informações valiosas para o nosso processo de evolução consciencial, por
oportunizar a reflexão.
Quando buscamos fazer uma análise da situação geradora de
crise, seja ela qual for, ao refletirmos criticamente sobre a mesma, podemos
fazer uma reflexão do ocorrido e dimensioná-la como possibilidade de mudanças,
seja para nós ou para outras consciências envolvidas.
A atitude reflexiva sobre as nossas crises,
inevitavelmente, leva-nos a encará-las como algo natural. O conflito pode ser
com a própria pessoa ou com outrem, já que, onde se concentram pessoas (consciências),
estas convivem, interagem entre si, seja no trabalho, no lazer, no
supermercado, em casa ou em outros ambientes propícios ao surgimento de
conflitos. Observamos que nas diversas situações onde o conflito se instala o
mesmo é fruto de alguma imaturidade de algum membro do grupo de consciências
envolvidas.
Nesse sentido, ao refletirmos sobre as situações
conflituosas consigo ou com os outros, sugerimos umas questões a serem feitas:
o que fazer nesta situação de conflito? Qual o motivo de conflito? Quem está
provocando a crise, sou eu ou o outro? Qual a imaturidade que sobressai em mim
ou no grupo? A compreensão do contexto contribui para a busca de uma solução
possível. A análise crítica poderá nos ajudar a sair da crise.
Nenhuma situação será igual a outra, mesmo que o
desentendimento se repita entre as mesmas pessoas. Então, o melhor é buscar uma
manifestação mais racional, sem desequilíbrios emocionais, em uma postura de
abertismo ao processo de auto e heteroassistência consciencial.
Na interassistencialidade grupal, o grupo poderá se
envolver e contribuir para uma reflexão coletiva sobre os motivos e
conseqüências dos conflitos, de modo que todos tenham a oportunidade de falar
sobre as suas percepções, seus sentimentos e ideias sobre a situação, buscando
discernir e caminhar na direção da dissolução da crise.
A ação de nos inserirmos, com coragem, no contexto da
crise e fazermos uma análise minuciosa dos nossos pensenes (pensamentos,
sentimentos e energias) favorece o levantamento dos traços dificultadores e
traços facilitadores de nossa personalidade que podem ter contribuído ou não na
geração do conflito grupal.
A manifestação da consciência vai além da análise da
manifestação de corpo físico, ela ultrapassa as barreiras invisíveis da multidimensionalidade,
percorre outros caminhos que entrarão em ressonância com outras freqüências e,
assim, ao reverberar nossos pensamentos, sentimentos e energias, os mesmos
poderão contribuir ou não para a melhoria do clima interrelacional nas diversas
dimensões.
A vivência de processos de crises indica que quando
estamos emocionalmente fragilizados os recursos afetivos imaturos se sobressaem
ao discernimento, embotando a nossa capacidade de refletir e de agir
criticamente de forma assistencial a todos na multidimensionalidade. Por isso,
perdemos a oportunidade de crescermos juntos, de vermos nossas imaturidades e
terminamos sabotando a experiência de aprendizagem coletiva.
Toda crise é bem-vinda para qualquer pessoa ou para
qualquer grupo. O que vai fazer a diferença entre as consciências envolvidas é
a maneira como a crise é acolhida, interpretada e levada à reflexão para
obtenção de um maior nível de discernimento, seja individual ou grupal. O
tratamento e a condução da crise, o procedimento que se escolhe seguir, pode
torná-la um meio propício a uma condição de crescimento, de maior maturidade e
dinamização evolutiva de todos os envolvidos.
Fonte: Site da Intercampi,
postada em 19/agosto de 2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário