Após o período mais
crítico da maturação humana, quando as células aumentam constantemente em
volume e em quantidade, propiciando o desenvolvimento dos tecidos, dos órgãos
e, consequentemente, do corpo, a humanidade se depara com a mais difícil
empreitada a enfrentar: o projeto imaterial do desenvolvimento interno pessoal.
Frequentemente, existem tentativas frustradas de fugir de si mesmo, como por
exemplo, o apego a uma vida estritamente material. Mas a nossa essência,
paradoxalmente, é de procedência imaterial.
Ao renascer, passamos
por um período de restringimento. Informações e dados passados são esquecidos e
cabe a nós o trabalho de recuperação. O campo de atuação lúcida e consciente é reduzido
por nossas próprias imaturidades e ampliado a partir de esforços prósperos. De
forma geral, as diferentes etapas que o ser humano cresce e desenvolve-se
envolvem abundante carga de informações. O intelecto hígido, aberto e
predisposto interage com essas informações e cria mais sinapses cerebrais.
Assim, há mais formas de entender a realidade, propiciando, muitas vezes, a
partir da autocrítica, a ascensão aos paradigmas pessoais e sociais
nocivos.
A ampla compreensão da
condição humana exige conhecimento, e este, por sua vez,envolve uma busca
incessante. Além disso, exige-se também vivência prática. Mas não há motivos
para desanimar, a sabedoria liberta. O hábito de pesquisa e leitura auxilia no
conhecimento de novas ideias, expressões, palavras, sendo capaz de corrigir conceitos
pré-determinados. Assim, através da leitura exercitamos a mente, o raciocínio,
a reflexão, passando a ponderar sobre os atos internos e externos a nós. A
atenção, antes voltada a criticar outras pessoas, passa a considerar os
próprios atos. Progressivamente, alcançamos vislumbres perceptivos mais
abrangentes, permitindo maior compreensão do que somos e das manifestações
alheias. Consequentemente, nossos traços
fardos (pesados) são observados e passamos a exigir de nós mudanças positivas.
Ao ver nossas falhas,
nos tornamos aptos a superá-las. A falta de cuidado consigo mesmo ao
negligenciar as próprias mudanças torna a vida melancólica e incoerente. Ser
coerente é uma busca evolutiva, errante e sem fim. Faz de nós catalisadores do
desenvolvimento pessoal. Basta apenas vontade para alcançar o autoconhecimento
e o significado da própria essência. O ser
coerente transcende autoridade moral, facilitando ainda mais a assistência
ao próximo. Mudar não é fácil, mas, como disse o pesquisador Waldo Vieira, “se
você pensa que o autoconhecimento exige muito esforço, tente evoluir com a
ignorância (Vieira, 2010)”. E aqui vale uma pergunta ao leitor:
Você é coerente consigo mesmo?
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