Leuzene
Salgues
As reflexões acerca da evolução podem surgir de muitas
indagações que uma consciência pode realizar sobre o que observa na própria
realidade consciencial ou na de outras consciências. Um desses questionamentos
é o seguinte: o que impede uma consciência intermissivista de atuar conforme o
seu nível de consciencialidade? De
ser teática (expressar a teoria na prática), de manifestar as ideias avançadas
e assistenciais de seu curso intermissivo não só na oralidade mas,
principalmente, vivenciar, de fato, a coerência entre o que já sabe e o que
demonstra em suas ações. Para ampliar a compreensão acerca dessas ideias,
reflitamos sobre alguns conceitos básicos da Conscienciologia.
A consciencialidade é
a qualidade consciencial indicadora da maturidade quanto à noção da procedência
e do retorno ao extrafísico. Isso significa que a consciência está lúcida para
sua condição de consciência em evolução inserida em um ciclo multiexistencial,
com períodos de manifestação na realidade intrafísica, quando ressoma (reativa
um novo soma) e na realidade extrafísica, na intermissão entre vidas, quando
pode ser uma aluna de curso intermissivo.
O curso intermissivo é
o período de experiências extrafísicas compreendido entre uma ressoma e outra,
onde a consciência passa por aprendizagens e aulas técnicas, com objetivo de
melhor prepará-la para seu próximo período de vida intrafísica. Esse curso
prepara a consciência para a realização de sua programação existencial com base
em suas potencialidades, de forma a dinamizar a própria evolução pela vivência
da interassistencialidade.
A interassistencialidade é qualidade da assistência recíproca
inevitável entre as consciências, onde a consciência mais lúcida menos doente
assiste a menos lúcida mais doente. Nessa vivência, a consciência pode atuar
como amplificador da consciencialidade, ou seja, ser capaz de promover com a
sua força presencial a potencialização cosmoética dos holopensenes onde se
manifesta propiciando momentos de clareza mental, bem-estar, reflexão e
serenidade para conscins e consciexes pensenicamente sintonizadas.
A ressoma, reativação de um novo soma para manifestar-se
na dimensão física, pode acarretar na consciência um restringimento de sua
realidade consciencial, o processo de redução da sua lucidez. Esse
restringimento inibe a real manifestação da consciência em sua plenitude,
porém, é benéfica à medida em que induz o esquecimento de conflitos pretéritos
vivenciados com outras consciências ao longo da holobiografia e permite o
convívio interconsciencial.
A consciência restringida, ao ressomar, passa a
experimentar a nova vida intrafísica, manifestando suas potencialidades e
imaturidades conscienciais. Nessas experiências se depara com as questões de
sobrevivência (trabalho, profissão, dinheiro, poder, fama etc.) e com a
necessidade de suporte afetivo (família, amigos, parceiro(a) íntimo). Esse
contexto pode favorecer ou inibir a realização de sua programação existencial.
Voltemos ao nosso dilema: o que impede uma consciência
intermissivista de atuar conforme o seu nível de consciencialidade?
A consciência pode ser talentosa e carente de informação,
de afeto ou de energias. O seu nível de carência pode tirar o foco do que é
prioritário para a sua evolução, fazendo com que ela use suas potencialidades
em prol do suprimento de sua necessidade imediata, deixando-a à margem da
dinamização evolutiva e distanciando-se da fidelidade ao seu curso intermissivo
e à realização de sua programação existencial.
O rompimento do ciclo vicioso que retroalimenta a falsa
sensação de plenitude só pode ser rompido pela recin, reciclagem
intraconsciencial, que ocorre, geralmente, quando a consciência encontra-se em
crise, insatisfeita, apesar do suprimento daquilo que lhe parecia ser imprescindível.
A insatisfação pode levá-la a buscar respostas para o sentido de sua vida ,
para o preenchimento da sensação de vazio que sente.
A busca incessante pode fazer com que a consciência se
depare com diversas linhas de conhecimento, até mesmo com algumas já conhecidas
de vidas pretéritas que podem confundi-la, dando a falsa sensação temporária de
reencontro e plenitude, até que ela possa, de fato, entrar em contato com algum
agente retrocognitor de seu curso intermissivo (informação em livros, jornais,
palestras, entevistas, entre outros) que a faz reconhecer e assumir a sua
consciencialidade, sua capacidade de ser interassistencial, de doar-se em prol
da evolução de todas as consciências.
Leuzene Salgues é pedagoga, pesquisadora
e voluntária da Intercampi.
Fonte: Site da Intercampi, postado em
5/novembro de 2009.
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