sábado, 12 de janeiro de 2013

Consciencialidade e Curso Intermissivo


Leuzene Salgues
            As reflexões acerca da evolução podem surgir de muitas indagações que uma consciência pode realizar sobre o que observa na própria realidade consciencial ou na de outras consciências. Um desses questionamentos é o seguinte: o que impede uma consciência intermissivista de atuar conforme o seu nível de consciencialidade? De ser teática (expressar a teoria na prática), de manifestar as ideias avançadas e assistenciais de seu curso intermissivo não só na oralidade mas, principalmente, vivenciar, de fato, a coerência entre o que já sabe e o que demonstra em suas ações. Para ampliar a compreensão acerca dessas ideias, reflitamos sobre alguns conceitos básicos da Conscienciologia.
            A consciencialidade é a qualidade consciencial indicadora da maturidade quanto à noção da procedência e do retorno ao extrafísico. Isso significa que a consciência está lúcida para sua condição de consciência em evolução inserida em um ciclo multiexistencial, com períodos de manifestação na realidade intrafísica, quando ressoma (reativa um novo soma) e na realidade extrafísica, na intermissão entre vidas, quando pode ser uma aluna de curso intermissivo.
            O curso intermissivo é o período de experiências extrafísicas compreendido entre uma ressoma e outra, onde a consciência passa por aprendizagens e aulas técnicas, com objetivo de melhor prepará-la para seu próximo período de vida intrafísica. Esse curso prepara a consciência para a realização de sua programação existencial com base em suas potencialidades, de forma a dinamizar a própria evolução pela vivência da interassistencialidade.
            A interassistencialidade é qualidade da assistência recíproca inevitável entre as consciências, onde a consciência mais lúcida menos doente assiste a menos lúcida mais doente. Nessa vivência, a consciência pode atuar como amplificador da consciencialidade, ou seja, ser capaz de promover com a sua força presencial a potencialização cosmoética dos holopensenes onde se manifesta propiciando momentos de clareza mental, bem-estar, reflexão e serenidade para conscins e consciexes pensenicamente sintonizadas.
            A ressoma, reativação de um novo soma para manifestar-se na dimensão física, pode acarretar na consciência um restringimento de sua realidade consciencial, o processo de redução da sua lucidez. Esse restringimento inibe a real manifestação da consciência em sua plenitude, porém, é benéfica à medida em que induz o esquecimento de conflitos pretéritos vivenciados com outras consciências ao longo da holobiografia e permite o convívio interconsciencial.
            A consciência restringida, ao ressomar, passa a experimentar a nova vida intrafísica, manifestando suas potencialidades e imaturidades conscienciais. Nessas experiências se depara com as questões de sobrevivência (trabalho, profissão, dinheiro, poder, fama etc.) e com a necessidade de suporte afetivo (família, amigos, parceiro(a) íntimo). Esse contexto pode favorecer ou inibir a realização de sua programação existencial.
            Voltemos ao nosso dilema: o que impede uma consciência intermissivista de atuar conforme o seu nível de consciencialidade?
            A consciência pode ser talentosa e carente de informação, de afeto ou de energias. O seu nível de carência pode tirar o foco do que é prioritário para a sua evolução, fazendo com que ela use suas potencialidades em prol do suprimento de sua necessidade imediata, deixando-a à margem da dinamização evolutiva e distanciando-se da fidelidade ao seu curso intermissivo e à realização de sua programação existencial.
            O rompimento do ciclo vicioso que retroalimenta a falsa sensação de plenitude só pode ser rompido pela recin, reciclagem intraconsciencial, que ocorre, geralmente, quando a consciência encontra-se em crise, insatisfeita, apesar do suprimento daquilo que lhe parecia ser imprescindível. A insatisfação pode levá-la a buscar respostas para o sentido de sua vida , para o preenchimento da sensação de vazio que sente.
            A busca incessante pode fazer com que a consciência se depare com diversas linhas de conhecimento, até mesmo com algumas já conhecidas de vidas pretéritas que podem confundi-la, dando a falsa sensação temporária de reencontro e plenitude, até que ela possa, de fato, entrar em contato com algum agente retrocognitor de seu curso intermissivo (informação em livros, jornais, palestras, entevistas, entre outros) que a faz reconhecer e assumir a sua consciencialidade, sua capacidade de ser interassistencial, de doar-se em prol da evolução de todas as consciências.

Leuzene Salgues é pedagoga, pesquisadora e voluntária da Intercampi.

Fonte: Site da Intercampi, postado em 5/novembro de 2009.

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