domingo, 20 de janeiro de 2013

Dupla evolutiva ou casamento convencional?


Rosane Amadori
            O casamento pode ser concebido como a união de duas pessoas com o propósito de uma relação duradoura e estável. No entanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatam periodicamente que, apesar do aumento no número absoluto, um em cada quatro casamentos, ou 25%, acaba em separação. Na amostragem de uniões com mais de uma década, o percentual de separações sobe para 60%.
            Apesar de fragilizado como instituição, o casamento nunca esteve tanto em evidência quanto na atualidade. É comum que os casais dediquem tempo, recursos financeiros e esforços sem medida para fazer uma cerimônia inesquecível, como um grande espetáculo. Do ponto de vista da organização de eventos, casamento é, cada vez mais, um bom negócio.
            Na contramão das aparências, a Conscienciologia propõe uma relação diferente, que dispensa qualquer tipo de status da exterioridade. A dupla evolutiva é a união de duas consciências afins, maduras, interagindo positiva e lucidamente em torno de objetivos evolutivos conjuntos. Diferente do casamento convencional, o casal se fortalece na união e renuncia a valores egocêntricos em prol de princípios voltados para a fraternidade universal.
            Pautada em condições imprescindíveis para a manutenção de uma relação estável como o amor puro, a sinceridade e a confiança, a dupla evolutiva minimiza a preocupação com a posse de bens materiais e outras compensações da vida. Ao invés disso, dá ênfase à tarefa de contribuir para o esclarecimento das pessoas a respeito da sua realidade multidimensional.
            Na constituição de casal, a dupla evolutiva dispensa o aval do estado e da sociedade, com a eliminação de cerimônias e até mesmo de contratos de casamento. A relação é um compromisso de confiança mútua, onde a gestação de filhos é substituída pela gestação consciencial, ou seja, a dedicação à escrita de publicações que possam servir de orientação para um grupo maior de pessoas. Ao mesmo tempo, a gestação consciencial leva à reciclagem pessoal dos integrantes da dupla, uma oportunidade de reavaliar condutas, posicionamentos e metas rumo à evolução pessoal.
            No âmbito da afetividade, a dupla evolutiva se ampara no binômio afeição-discordância para vivenciar o apoio mútuo à superação de dificuldades pessoais, a partir da manutenção de um abertismo constante para dar e receber críticas construtivas. A postura aberta pressupõe a eliminação de vaidades excessivas, mágoas, ego ferido e melindres, condições que comumente fragilizam os relacionamentos.
            O vínculo dos integrantes da dupla evolutiva se mede pela natureza, qualidade e quantidade das trocas que o casal é capaz de fazer. O ato de compartilhar não só as vivências pessoais como os objetivos da programação de vida de cada um proporciona a condição saudável de interfusão de energias mais favorável à evolução pessoal e grupal. Uma evolução que passa pelo comprometimento com o auxílio qualificado em grande escala, entendimento que fundamenta a formação de uma dupla evolutiva.
            Podendo ser constituída até mesmo a partir da terceira idade, a dupla evolutiva ainda é condição singular na sociedade atual pela falta de mérito das pessoas que, voltadas unicamente para as necessidades pessoais, não abrem espaço na sua rotina para a assistência qualificada aos outros. No âmbito da afetividade, a dupla evolutiva é sustentada pelo amor puro e pela sexualidade sadia e se reflete na postura dos parceiros de fazer sempre mais concessões do que exigências, bem como na condição de querer que o outro se sinta melhor do que você.

Rosane Amadori é jornalista e professora do Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC), instituição de educação e pesquisa científica, laica, sem fins lucrativos. Conheça a programação local no site www.iipc.org.br.

Fonte: Jornal Indústria e Comércio publicado em 11/janeiro de 2013.
http://www.ejornais.com.br/jornal_industria_e_comercio.html

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