Clara
Boeckmann
Quando se pensa em ensino e aprendizagem, Parker Palmer,
Malcolm Knowles, Donald Schön, Paulo Freire, Moacir Gadotti, José Manoel Moran
e outros grandes colaboradores da Educação apresentam propostas que se
aproximam do paradigma consciencial, posto que começam a perceber as limitações
do paradigma científico vigente. Na minha opinião, educação, didática e a
relação ensino-aprendizagem têm muito a ver com Conscienciologia e com a tarefa
do esclarecimento, visto que estes temas contribuem para a evolução da
consciência.
Muito trabalho tem sido desenvolvido com a finalidade de
ampliar a aprendizagem dos alunos. A Educação já vem sendo considerada uma
proposta mais abrangente do que o Ensino. Como disse um grande Educador
brasileiro, José Manoel Moran: “Educar é ajudar a integrar todas as dimensões
da vida, a encontrar nosso caminho intelectual, emocional, profissional, que
nos realize e que contribua para modificar a sociedade que temos [...] é ajudar
os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e
profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento de suas habilidades
[...] para que se tornem cidadãos realizados e produtivos”. Portanto, os
próprios profissionais da pedagogia já reconhecem a Educação como um processo
mais abrangente do desenvolvimento humano, um dos objetivos conscienciológicos.
Existe uma busca por aperfeiçoamento das metodologias de
ensino, visando à educação. Penso que esta reflexão possa ser ainda mais útil
àqueles que atuam como professores, seja na docência conscienciológica, seja
nas demais práticas docentes. Mas vale a pena cada um refletir quanto ao papel
que lhe cabe como cidadão, como responsável pela sua própria educação e como
consciência (ser, self, ego, alma) ímpar, cujo interesse básico é seu próprio
desenvolvimento, evolução.
Volto ao objetivo deste artigo: identificar os pontos em
comum da área da Educação com a importância da consciencialidade, qualidade da
vivência do paradigma consciencial, cujos pilares são a holossomática
(existência de vários veículos de manifestação compatíveis com as várias
dimensões), multidimensionalidade (a existência de várias dimensões – física e
extrafísicas nas quais a consciência se manifesta), a multisserialidade (o
processo evolutivo da consciência através de muitas vidas), bioenergética
(abordagem energética dos seres vivos) e autopesquisa (estratégias evolutivas
de autoinvestigação e amadurecimento consciencial).
No estudo de alguns teóricos destaco as principais
contribuições para o aperfeiçoamento da educação e da didática no ensino.
Parker Palmer destaca a importância do autoconhecimento do professor, e a
importância da manutenção da autenticidade, da integridade e da interatividade
com os alunos. Autoconhecimento implica em autopesquisa, conhecer nossos pontos
fortes e pontos fracos, e buscar o autodesenvolvimento, tal qual é o propósito
do curso Teoria e Prática da
Autopesquisa da INTERCAMPI.
Malcolm Knowles trouxe grandes contribuições quanto às especificidades do
ensino de adultos. Ressalta aspectos que precisam ser considerados pelos
professores que pretendam garantir uma boa didática, boa relação
ensino-aprendizagem e “transferir” conteúdos pré-definidos. Na docência
conscienciológica o professor é o agente retrocognitor que lembra ao aluno o
que ele já sabe, o seu período intermissivo e o seu compromisso com a
programação existencial (proéxis).
Donald Schön destaca a importância da reflexão-na-ação, o
aprender fazendo, a importância da práxis no ensino. Em Conscienciologia e
Projeciologia, a palavra teática traduz a importância da vivência teórica e
prática. Na aula de Conscienciologia vale mais o discernimento e parapsiquismo
quanto ao trabalho da equipe extrafísica e o amparador de cada aluno que sabem
o que é mais importante para ser dito naquele momento. Paulo Freire, que, além
de reconhecer a necessidade da justiça social, da defesa dos oprimidos, da
pedagogia da autonomia, trouxe a proposta da pedagogia transformativa e
emancipatória. A importância do aprender a aprender, do aprender a pensar, da
interdiciplinaridade dos temas, do aproximar o ensino da realidade do aluno, do
ato dialógico no processo da educação. Preocupava-se também com a situação
planetária, introduzindo a ecopedagogia. Moacir Gadotti ressalta a proposta de
Freire de uma Educação como ato de produção e de reconstrução do saber, e como
ato de prática de liberdade. Tudo isso se aproxima dos valores
conscienciológicos relacionados à inteligência evolutiva, à cosmoética, ao
fraternismo e ao universalismo.
Para os conscienciólogos, é possível verificar a
sobreposição de valores e interesses da nova pedagogia com os propósitos da
Conscienciologia. Há mais de duas décadas, o prof. Waldo Vieira, propositor da
Conscienciologia e da Projeciologia, já ressalta a importância da necessidade
do investimento de cada pessoa em sua evolução: educação e autoeducação
consciencial, envolvendo o homem de forma integral e multidimensional. Por
outro lado, educadores têm apresentado abordagens interessantes para que os
professores aperfeiçoem sua tarefa do esclarecimento. Penso que Educação e
Conscienciologia se afinizam e se complementam. Seria produtivo inserir mais
Conscienciologia na pedagogia atual e aproveitar as contribuições dos grandes
educadores para inserir mais didática na docência conscienciológica. Para
pesquisas futuras, podemos questionar:
Quais as
limitações da didática convencional? Quais as limitações do professor de
Conscienciologia que não compreende nem aplica a paradidática? É preciso
entender a paradidática.
Clara
Boeckmann é voluntária da Intercampi.
Fonte:
Site da Intercampi postado em 29/outubro de 2009.
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