Por
William Nascimento
Há registros históricos de
experiência de quase morte em muitas culturas. Os relatos aumentaram de fato a
partir da década de 1950, após o surgimento de técnicas modernas de reanimação cardiopulmonar.
(HAESLER; BAUREGARD, 2013). Essas
experiências foram descritas esporadicamente na literatura médica desde o
século XIX e foram identificadas como uma síndrome distinta há mais de um século
atrás. Foi Moody (1975) quem introduziu o termo experiências de quase-morte
(EQM) para nomear esse fenômeno (GREYSON, 1998; HEIM, 1892
apud GREYSON, 2007, p. 117).
O que de fato ocorre durante uma EQM é uma
parada cardíaca, o fluxo de sangue e a absorção de oxigênio no cérebro são
interrompidos. Neste instante ao visualizar o aparelho de eletroencefalograma
(EEG) se vê uma linha plana, e desaparece os reflexos do tronco cerebral em
cerca de 10 a 20 segundos. É preciso realizar manobras de reanimação
cardiopulmonar em torno de 5 a 10 minutos ou podem ocorrer danos irreversíveis
ao cérebro e consequentemente a morte. (HAESLER; BAUREGARD, 2013).
Segundo Fenwick (2013, p. 205) dez
por cento dos pacientes com parada cardíaca têm EQM. Desses, 30% relatam ter
uma experiência fora do corpo enquanto estão inconscientes e assistindo sua própria ressuscitação.
Estudos recentes de Greyson (2007),
Fenwick (2013), Haesler e Baurgard (2013) demonstraram as seguintes
características da EQM: inefabilidade; anúncio de morte; sentimento de paz;
ruídos; visão de um túnel; experiência fora do corpo; encontro com seres de
luz; revisão da vida; relembrar vida prévia; atividade mental aguçada; maior
lucidez que na vigília física ordinária; encontrar familiares e amigos
falecidos; calma; ausência de dor; paisagem bucólica e sentir o retorno ao próprio
corpo.
Segundo Fenwick (2013, p. 204) qualquer
acontecimento que ameace a vida pode, certamente, produzir mudança na
personalidade, mas os dados indicam que aqueles que passaram pelas EQM são
afetados mais positivamente pelas mudanças que aqueles que passaram por
experiências similares de ameaça à vida, mas não tiveram EQM. Greyson relatou
que, em 272 pacientes que tiveram um “encontro com a morte”, 61 deles (22%) tiveram
EQM. Observou-se que eles estavam menos perturbados psicologicamente após a
experiência que aqueles que não tiveram EQM. As principais mudanças medidas
foram de ordem religiosas e sociais, com redução do medo da morte, a busca por
significado pessoal, o interesse em se autocompreender e a apreciação das
coisas comuns (FENWICK, 2013).
Segundo Fenwick, (2013, p. 206) mesmo
com a nossa profunda compreensão objetiva dos mecanismos cerebrais, ainda é
impossível com base neles explicar a experiência subjetiva. Modelos baseados
apenas nas características físicas do cérebro, que limitam a consciência ao
cérebro, estão fadados ao fracasso. Novos modelos de consciência precisam
incluir a mente estendida
para além do cérebro. Os modelos de consciência têm se tornado altamente
sofisticados. (Para uma revisão, ver The Handbook of Consciousness.) No
entanto estes modelos acabam por apresentar lacunas explicativas que questionam
sua validade.
Enquanto a ciência se debate nas
explicações para os fenômenos subjetivos, nós enquanto indivíduos sensatos não
necessitamos esperar o consenso científico para experimentar ou mesmo vivenciar a subjetividade. Apesar da complexidade em provar os relatos advindos do fenômeno, a experiência é autocomprovada, a realidade além do concreto-material se mostra para aqueles que passam pela experiência da EQM.
Vieira (2009, p. 49) propôs o termo
Projeciologia, para nomear o estudo de diversos fenômenos de projeções
conscienciais incluindo entre estes a EQM. O autor define a Projeciologia como
uma ciência que trata das projeções da consciência para fora do corpo
biológico. Este termo foi lançado juntamente com seu livro Projeções da Consciência: Diário de Experiências Fora do Corpo Físico lançado
em 1981.
Vieira apresenta uma alternativa para aqueles que tem curiosidade pela EQM, e que pelos riscos óbvios que a
experiência apresenta torna a vivência inviável. O autor apresenta em seu livro
Projeciologia panorama das experiências
da consciência fora do corpo humano, mais de 30 técnicas para a própria
pessoa experimentar sair do corpo com lucidez, sem riscos de morte. O autor descreve e
explica como funcionam os veículos de manifestação da consciência que proporcionam
o acesso a lugares semelhantes aos descritos pelos experimentadores da EQM. Vieira
diz ter experimentado as técnicas por ele propostas, suas experiências pessoais
renderam artigos e livros que contribuíram
com a proposição de uma nova ciência chamada Conscienciologia. Segundo Vieira
(2009, p. 33) a Conscienciologia é a Ciência que trata do estudo abrangente da
consciência.
Embora a ciência proposta por Vieira
não tenha reconhecimento cientifico dentro do universo acadêmico, anualmente
são publicados: artigos; livros; verbetes para a construção de uma enciclopédia;
são realizados cursos, congressos, simpósios e outros eventos afins.
Interessados se tornam voluntários, voluntários se tornam professores, e são
incentivados a fazerem pesquisas de si próprios, de forma sistemática, visando
o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal, com o propósito de publicarem
deixando um legado pessoal para as futuras gerações.
As revisões bibliográficas apresentadas
no presente texto tiveram o
propósito de esclarecer o(a) leitor(a) com informações atualizadas advindas da ciência convencional, e apontar alternativas de pesquisas menos materialistas segundo a visão do paradigma consciencial proposto pela Conscienciologia. Conforme relatado neste artigo, as experiências pessoais transcendentes e subjetivas mudam de fato
as personalidades, e podem melhorar significativamente a qualidade de vida. Não
é inteligente esperar uma experiência traumática como a EQM para expandir a
visão sobre a vida e promover uma mudança positiva. Torna-se prioritário aprender e aplicar técnicas que otimizem o desenvolvimento parapsíquico do pesquisador, ampliando suas percepções a cerca das realidades extrafísicas. Enquanto a ciência evolui
lentamente, nós podemos evoluir rapidamente.
REFERÊNCIAS
1.
Fenwick P. As experiências de quase morte (EQM) podem contribuir para o debate
sobre a consciência? Rev Psiq Clín. 2013; 40(5):203-7
2.
Haesler N. T.; Beuregard M. Experiências de quase morte em parada cardiaca:
implicações para o conceito de mente não local. Rev Psiq Clín.
2013;40(5):197-202
3.
Greyson B. Experiências de quase morte: implicações clínicas. Rev Psiq Clín.
34, supl 1; 116-125, 2007
4. Alexander
E. Uma prova do céu: a jornada de um
neurocirurgião à vida após a morte.1. ed. Rio de Janeiro, 2013. 189 p.
5. Platão.
A república. 3. ed. São Paulo. p. 313-317.
6.
Vieira W. Projeciologia: panorama
das experiências da consciência fora do corpo humano. 10. ed. Foz do Iguaçu,
2009.
7. Vieira W. Projeções da Consciência. 8. ed. Foz do Iguaçu, 2008.
8. Lufti L. Voltei para contar. 2. ed. Foz do Iguaçu, 2013.
9. Moody R. J. Vida depois da vida. 4. ed. São Paulo, 1979.
7. Vieira W. Projeções da Consciência. 8. ed. Foz do Iguaçu, 2008.
8. Lufti L. Voltei para contar. 2. ed. Foz do Iguaçu, 2013.
9. Moody R. J. Vida depois da vida. 4. ed. São Paulo, 1979.
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