Clara Emilie Boeckmann Vieira
A
sociedade em que vivemos hoje é resultado das pessoas que a compõem, e estas,
resultado principalmente de sua mesologia (genética, ambiente em que se
desenvolvem, pessoas que participaram de sua formação, cultura, educação etc.).
Mas, entre todos os fatores que influenciam a formação dos adultos, merece
destaque a educação recebida na infância.
Há
algumas semanas tive oportunidade de participar de uma aula palestra com a
psicóloga portuguesa especializada em Educação Infantil Lurdes Sá, e assisti
também à sua apresentação de dois verbetes para a Enciclopédia da
Conscienciologia.
Este artigo tem como objetivo fazer uma “minissíntese” de algumas ideias
apresentadas pela psicóloga e consciencióloga citada, que possam ser úteis aos
educadores infantis, pais, mães e demais adultos que tenham qualquer grau de
convivência com crianças. Além disso, gerar o questionamento íntimo em todos,
sobre uma questão-chave que esta pesquisadora abordou em sua aula: quanto as
vivências de nossa infância continuam impactando no que somos hoje? Quanto
nossa infância facilita ou dificulta nosso amadurecimento nesta vida?
A
ideia central da autora é uma educação integral, que envolve oito níveis de
desenvolvimento, com alguns exemplos simples, que listo abaixo com algumas
adaptações pessoais:
1.
Desenvolvimento assistencial,
desafiando o egocentrismo infantil – dividir o lanche com o colega sem merenda;
2.
Desenvolvimento cosmoético,
vivenciando mais que a ética humana – ajudar o colega sem segunda intenção;
3.
Desenvolvimento emocional, o
trabalho nas 5 áreas de competências emocionais (autoconhecimento, autocontrole
e automotivação, habilidades socioemocionais e empatia) – o ensino à criança de
colocar-se no lugar do outro;
4.
Desenvolvimento financeiro, o
impulso à inteligência financeira na infância – a administração da mesada
pequena;
5.
Desenvolvimento físico – a saúde
como valor familiar – os passeios familiares de bicicleta e a alimentação
saudável no lar;
6.
Desenvolvimento intelectual,
com o incentivo à leitura desde a primeira infância;
7.
Desenvolvimento parapsíquico, para o
entendimento da multidimensionalidade e dos fenômenos extrafísicos como sendo
naturais à existência humana – o exercício do Estado Vibracional (estado de
vibração saudável das bioenergias, prática da Conscienciologia) transformado em
“chuva de estrelinhas”.
8.
Desenvolvimento social, a
aquisição de confiança, autonomia e iniciativa em relação a si próprio e ao
outro, nos primeiros anos de vida – a valorização dos traços positivos da
criança e o respeito às suas limitações, as aprendizagens afetivo-sexuais.
Sá,
apresenta diversos exemplos e dicas para uma educação integral e evolutiva das
crianças. Entre estes, destaco o estímulo à filosofia, o ensinar a pensar, a
questionar, como propõe Mathew Lipman (com sua “Filosofia para Crianças”), as
55 regras na arte de educar crianças de Ron Clark (2005) com seu livro A
Arte de Educar Crianças: 55 Regras de um Professor Premiado para Formar Alunos
Nota 10 na Sala de Aula e na Vida, e Rafael Alzina, com o livro Atividades
para o Desenvolvimento da Inteligência Emocional nas Crianças. Destaco
ainda a importância do binômio reeducador amor-disciplina, ressaltando a
importância da afetividade e da criança sentir-se amada e segura, sem deixar de
receber disciplina orientadora, e o binômio adultos bem-humorados-crianças
bem-dispostas, pois estas são reflexo do seu entorno. Outras duas considerações
importantes: formarmos a criança o melhor possível, sem grandes expectativas
nem para si nem para a criança, mas preparando-a melhor para a vida. E a
importância da ordem da atenção de cuidar, primeiro da saúde física, depois na
psicológica, por último da energética/parapsíquica.
Toda
esta proposta está alinhada com as bases da Conscienciologia, que explicam que
o indivíduo é uma consciência (alma, self, ego) em evolução através de várias
vidas, inserida numa realidade multidimensional. Assim, torna-se razão da vida
buscarmos evoluir continuamente, superando nossos traços negativos e melhorando
e desenvolvendo traços positivos, tudo isso com cosmoética e ajudando-nos
uns aos outros. E tudo começa na nossa concepção, no ventre materno. Neste
momento, temos uma ficha pessoal formada, mas aberta para a reeducação, novas
aprendizagens, e as vivências, desde então, são extremamente marcantes para a
vida adulta.
Muitas
vezes, na melhor das intenções, adultos geram sérios problemas para as
crianças. Não apenas os pais. Mas tios, avós, amigos dos parentes e outros. E
não são apenas os traumas evidentes (abusos, acidentes etc.) que comprometem a
formação infantil. Vivências sutis, como um simples momento de uma mãe ou um
pai ignorá-la, ou rir de alguma ação, às vezes um riso sem más intenções, podem
comprometer sua autoestima e autoconfiança. Recomendo o filme Duas Vidas (2000),
para compreender este processo. Neste sentido, os exemplos expostos na
fatologia dos verbetes são bastante úteis e abrangentes.
Encerro
este artigo com uma adaptação da reflexão levantada por Sá e alguns de seus
questionamentos: Uma educação adequada pode transformar este planeta. Você,
nesta vida, já contribuiu para a educação de consciências na fase infantil? Quantas?
Dezenas? Centenas ou milhares? Com todo o exposto até aqui, questiono também:
como foi sua infância? Como e quanto ainda repercute em sua vida atual?
Clara Emilie Boeckmann Vieira, voluntária do
INTERCAMPI em Recife
Fonte: Site da
Intercampi, postado em 28/novembro 2012.
http://intercampi.org/2012/11/28/educacao-evolutiva-para-criancas-leitura-para-pais-educadores-e-para-quem-ja-foi-crianca/
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