Rute Pinheiro
A dispersão mental ou atenção saltuária é um problema que
acomete a um grande número de pessoas nos dias atuais. No mundo globalizado,
com internet, redes sociais, programas televisivos 24 horas, rádios e meios de
comunicação impressos, além das atividades profissionais, familiares e sociais,
a quantidade de estímulos a que estamos expostos todos os dias é muito maior
que a de uma pessoa em boa parte da sua vida na idade média. Este fato é
positivo por um lado por aumentar as inter-relações pessoais e possibilitar a
transmissão da informação aos recantos mais longínquos do planeta, mas, caso o
indivíduo não tenha claros os seus objetivos de vida, pode se influenciar
negativamente levando a uma rotina estressante ou alienante muitas
vezes improdutiva do ponto de vista evolutivo.
A falta de concentração leva a dispersão de ideias e de
ações, gerando na maioria das vezes o incompletismo de raciocínios e de
atividades, projetos etc. Prejudica também o processo de memorização, uma vez
que a falta de atenção a determinado assunto ou situação dificulta o processo
de rememoração posterior. Como podemos nos lembrar de algo a que não demos atenção? Esta dispersão mental ou atenção
saltuária, comum em pessoas taquipsíquicas, gera um turbilhão de
pensamentos, sentimentos e energias (pensenes) difícil de organizar,
ocasionando processos de ansiedade e insatisfação íntima por se pensar em
várias coisas ao mesmo tempo e não conseguir concluir nenhuma. Quantas vezes perdemos o sono à
noite pensando no que não foi feito ou no que se tem a fazer no dia seguinte? Pode também refletir em dificuldades
de relacionamento, pelo fato do disperso não saber ouvir o outro, com a devida
atenção focada na necessidade dele e não na própria.
Sob a ótica da Conscienciologia, considerando-se a consciência
de maneira integral, a dispersividade repercute multidimensionalmente, gerando
uma série de desordens holossomáticas, ou seja, afeta os atributos mentais,
interferindo em processos emocionais (ansiedade, agitação, irritação, etc.),
alterando ou desorganizando as energias (entropia energética), podendo chegar
ao processo da somatização (doenças, dores de cabeça, dores musculares,
alergias, etc.). Esta desordem consciencial geral tende a ocasionar o
incompletismo existencial, ou seja, não realização do que nos propusemos a
fazer nesta vida, que pode ser observado através dos incompletismos nos
planejamentos diários, semanais, mensais, anuais, etc.
A dispersão pensênica é um processo contínuo, tendo em
vista que, por se tratar de um processo inicialmente mental, pode ocorrer todo
o tempo em que a consciência estiver tanto na vigília física ordinária, como
nos períodos de sono, uma vez que apenas o corpo físico dorme, continuando a
consciência a se manifestar em outras dimensões.
Estando manifestada em dimensões extrafísicas, a
consciência com este problema de concentração mental encontrará dificuldade na
manutenção da lucidez e no controle projetivo, uma vez que ao mudar o foco do
pensamento, mudará também o local de manifestação. Esta situação poderá gerar
dificuldades de realização de tarefas assistenciais mais complexas que exijam
uma estabilidade maior da consciência num determinado ambiente extrafísico,
além do controle pensênico para não comprometer a qualidade da assistência por
emitir pensamentos inadequados sobre a situação ou consciências que estejam
sendo assistidas.
Assim, a superação da dispersividade possibilita a
organização pensênica e holossomática, facilitando o processo de acabativa de
planejamentos e a manutenção do foco evolutivo prioritário. A retilinearidade
do pensamento pode proporcionar o apaziguamento ou serenização das emoções,
facilitando a organização das energias e manutenção do equilíbrio somático.
Partindo-se do princípio de que a organização é um dos
aspectos fundamentais para a evolução, a solução deste problema torna-se
relevante para que a consciência consiga organizar-se de tal forma que
possibilite alcançar o completismo existencial. Considerando também a manifestação extrafísica, como já citado
anteriormente, a resolução deste problema permitirá que a consciência
qualifique a sua assistência, saia do sub-nível e passe a atuar ombro-a-ombro com os amparadores, consciências
extrafísicas mais evoluídas. Como os amparadores poderão contar com alguém que não consegue
controlar nem os próprios pensamentos?
Você já parou
para pensar qual o seu foco nesta vida ou ainda continua vivendo a deriva? Como
já dizia Sêneca, “não há vento favorável para quem não sabe aonde vai".
Rute Pinheiro é Bióloga,
professora, pesquisadora da Conscienciologia e voluntária do INTERCAMPI.
Fonte: Site da
Intercampi postado em 30/setembro de 2010.
http://intercampi.org/2010/09/30/artigo-antidispersividade-e-foco-evolutivo/
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