Maria
Regina Camarano
As pessoas expressam a sua vontade e
intenção por meio do pensene (pen+sen+ene), termo que representa a unidade
indissociável de manifestação da consciência, formado por três elementos:
pensamento, sentimento e energia. O conjunto dos pensenes de uma pessoa
configura o seu holopensense.
O
monoideísmo é um pensene repetitivo ou uma ideia fixa. Popularmente, costuma-se
dizer que a pessoa está “ruminando” um pensamento. Outros sinônimos de
monoideísmo que podem ampliar a compreensão do assunto: monopensene, monovisão,
eco mental, pensene estagnado, obsessão, quando uma só ideia ocupa a mente.
É possível considerar que a pessoa
monoideica tem como holopensene a ideia fixa ou o monopensene, pois a média dos
pensamentos que ocupa a sua mente gira em torno de, apenas, uma ideia. Essa
reflexão remete, de imediato, aos problemas intra e interconscienciais (da
própria consciência e decorrentes da relação com outras consciências) que podem
ser vivenciados pela pessoa que cultiva a ideia fixa, repercutindo no seu
desempenho evolutivo.
Segundo a Conscienciologia – ciência
que estuda a consciência, o “eu”, o ego ou self, o princípio inteligente –, a
consciência evolui a partir de sua vontade e do investimento em si mesma
(autoinvestimento), utilizando ou propiciando, com discernimento, oportunidades
evolutivas, ao longo de suas várias existências. A lucidez em relação ao
princípio da evolução da consciência é o primeiro passo para se investir na
superação das limitações impostas pelo monoideísmo. Outra etapa importante para
essa superação é a compreensão do processo de manutenção do monoideísmo e dos
fatores que o desencadeiam, com a perspectiva de investir em direção a sua
ruptura.
A pessoa que cultiva a ideia fixa não
aproveita as oportunidades de evolução, pois ela está fechada para aprender com
os erros, os acertos, a convivência, as doenças, e com os demais acontecimentos
da sua existência. Falta-lhe, principalmente, abertismo consciencial para
descobrir as alternativas ou opções que possam surgir para a resolução de seus
problemas e para a sua reciclagem existencial, ou mudanças necessárias para
melhorar a sua condição de vida, de modo a superar a tendência doentia de se
fixar no problema e não buscar a solução, a partir de novas ideias.
A manutenção da ideia fixa se dá, em
geral, pelo processo de retroalimentação dos pensenes, no caso, do monopensene.
Enquanto a consciência não romper com o padrão pensênico dominante, ele tende a
se reproduzir e se fortalecer. Se esse padrão pensênico tiver o foco em uma
ideia fixa, favorece essa ideia. Quando o padrão pensênico for centrado na
flexibilidade mental, favorecerá essa flexibilidade, em favor da análise e
admissão, com autodiscernimento, de novas idéias (neoidéias) em conjunto, que
poderão produzir efeitos libertários para a consciência. Uma técnica que pode
ser utilizada para romper com a retroalimentação da ideia fixa é a vigilância
do padrão pensênico, buscando-se, através da análise diária dos pensenes,
identificar qual o pensene recorrente e trabalhar no sentido de desconstruí-lo,
através do autoenfrentamento da situação que se apresenta como a causa do
monopensene. Por exemplo, a pessoa acometida de ressentimento tem a tendência
de “ruminar” esse sentimento, o qual se torna um monopensene.
Entretanto, o monoideísmo não deve
ser confundido com a autodeterminação, ou seja, qualidade da consciência que,
aliada à vontade, possibilita à pessoa estabelecer metas e investir para
atingi-las, sobretudo, em se tratando de metas com vistas a sua autoevolução.
Nessa perspectiva, a ideia fixa não implica em rigidez, sendo sadia e
equilibrada. A sua retroalimentação torna-se favorável, pois fortalece a pessoa
para superar seus traços imaturos, ou traços fardos, e os entraves ou gargalos
que dificultam o cumprimento das metas evolutivas, podendo ser considerado um
monoideísmo cosmoético (cosmoética, ou ética cósmica, é a ética de todas as
dimensões em que a consciência atua), à medida que, ao superar os traços
imaturos, a pessoa amplia o seu autodiscernimento e, consequentemente, as suas
ações começam a ser pautadas pela cosmoética.
Como hipótese de investigação sobre
as consequências ou reflexos do monoideísmo nas pessoas, ressalta-se a
repercussão na saúde do holossoma (conjunto dos corpos que a consciência
utiliza para atuar nas várias dimensões): no energossoma ou corpo energético, a
intoxicação energética, pela falta de renovação dos pensenes e,
consequentemente, das energias conscienciais; no mentalsoma ou corpo mental, a
falta de flexibilidade mental e de abertismo para admitir as ideias novas,
retroalimentando o monopensene; no psicossoma ou corpo das emoções, a repressão
da afetividade pela dificuldade de exercitar o binômio da
admiração-discordância, o que dificulta a convivência; no soma ou corpo físico,
a presença de doenças relacionadas às articulações.
Enquanto hipótese de investigação
sobre a profilaxia para se impedir a instalação ou superação do monoideísmo
destacam-se as seguintes sugestões: a leitura de obras úteis de assuntos
diversos, que possibilitam a criação de novas sinapses cerebrais; a admissão e
entendimento dos paradoxos do processo de evolução da consciência, por exemplo,
o fato de a evolução ser individual, e, no entanto, para evoluir a consciência
necessita do grupo; o fraternismo ou a vontade de ajudar o outro; o exercício
do binômio da admiração-discordância; a compreensão do alcance da cosmoética (a
ética de todas as dimensões); o estabelecimento de metas para a autoevolução; o
universalismo; o princípio da descrença, proposto pela Conscienciologia, em que
a experiência pessoal e a reflexão sobre essa experiência, com o máximo de
discernimento, são superiores à crença; a admissão, pelo autodiscernimento, das
vivências das parapercepções ou parapsiquismo; dentre outras qualidades
conscienciais.
Com base no princípio da descrença,
o leitor ou a leitora, a partir de suas próprias experiências, terá
oportunidade de refletir sobre as ideias aqui expostas e, no caso de
identificar que o seu pensene predominante é uma ideia fixa ou um monopensene
antievolutivo, poderá aprofundar o seu autoconhecimento, utilizando os recursos
propostos pela Conscienciologia, na perspectiva de superar o travão evolutivo,
consequência do monoideísmo.
Maria
Regina Camarano é pesquisadora da Conscienciologia – INTERCAMPI Recife
Fonte: Site da Intercampi postada em 24/março de 2011.
http://intercampi.org/2011/03/24/artigo-monoideismo-%E2%80%93-travao-evolutivo/
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