Lília
Junqueira
A arrogância é a atitude, caráter,
traço, tendência ou conjunto de padrões de comportamento caracterizado pela
falsa autoconcepção de superioridade em relação às demais consciências. Em
outras palavras, as consciências que têm este desvio de personalidade se julgam
melhores do que as outras, podendo produzir sentimento de inferioridade nas
pessoas com as quais interage.
A personalidade arrogante, em geral,
se caracteriza por sentimentos de vanglória, de amor próprio exagerado,
prepotência e falta de modéstia. Devido a esta condição permanente de
desequilíbrio emocional na qual vive, ela nutre sentimentos negativos pelas
pessoas. Não raro sente por elas orgulho desprezivo porque o sentimento de
autossuperioridade leva à certeza de que todos são inferiores. Esta certeza
leva ao sentimento de heteroinferioridade, ou seja, faz com que as pessoas se
sintam inferiores, mesmo que elas não o sejam.
O comportamento arrogante pode ser
identificado desde a postura do soma (corpo físico) até as ações mais abstratas
da consciência, tais como decisões importantes que envolvam o destino de muitas
pessoas. O corpo empertigado, o olhar de desprezo, a altivez exagerada, são
algumas das expressões corporais da arrogância. Devido à percepção deturpada de
si mesmo e dos outros, são cometidas muitas gafes e falhas de etiqueta, como
interrupção súbita da fala alheia e outras formas sutis de fazer os outros
perceberem que são inferiores.
Esta forma de manifestação é muito
conhecida e encontra-se traduzida nas expressões populares: “Trazer o rei na
barriga”, “Ser cheio de si”, “Posar de salto alto”, “Viver em torre da marfim”.
O desequilíbrio emocional e
comportamental do arrogante também levam a um desvio da sua forma de pensar.
Sentir-se e agir como o centro do universo fazem o arrogante pensar sobre si
mesmo e seu papel no mundo de forma equivocada, não condizente com a realidade.
Por efeito da excessiva autoconfiança anticosmoética, ou seja, contrária à
ética universal das consciências, evita ouvir e até mesmo ignora a crítica dos
outros, afinal, não faria sentido alguém tão perfeito ter defeitos.
Considerando os seus críticos como seres inferiores, pensa que não vale a pena
incomodar-se com as opiniões deles a seu respeito. Esta lógica leva a uma falta
de autoconhecimento, deixando o arrogante aberto a cometer muitas falhas
evolutivas. Por isso, não raro, decisões erradas são tomadas e, mesmo tendo
sucesso profissional e pessoal por determinado tempo, o arrogante facilmente
encontra o fracasso e o digere muito mal, pois não vê lógica no que está
acontecendo.
Se estudarmos o complexo da
manifestação da personalidade arrogante, veremos que se trata de um problema da
ordem da convivialidade. Os arrogantes não conseguem conviver bem com os
outros. Exemplo disso é o fato de que, quando estão em situação de liderança,
eles em geral centralizam as decisões, podendo chegar ao domínio do grupo e até
à tirania. Por outro lado, quando em situação de liderados, não somam com os
outros e sua atuação prima pela competitividade. O arrogante tem dificuldade de
ajudar os outros e de ser ajudado quando tem necessidade pelo fato de pensar-se
autossuficiente.
Uma das causas mais frequentes da
arrogância é a condição de insegurança da consciência, gerada, normalmente, no
período intrafísico da preparação evolutiva. No período em que a consciência
está formando a sua identidade, podem ocorrer problemas, traumas, falta de
aceitação pelos outros, acarretando o sentimento de insegurança e a necessidade
de forjar uma identidade estruturada mais nas exigências externas do que nas
próprias necessidades e prioridades. Na maioria das vezes esta identidade
insegura se apoia fortemente em poucas qualidades da consciência, deixando as
outras em estado de latência. Ao fazer isso, o indivíduo exagera
inconscientemente nessas qualidades específicas. Dentro do escopo destas
qualidades, ela passa a se considerar sem falhas, perfeita, inquestionável, não
admitindo mais nenhum tipo de crítica e acreditando-se superior às demais. Em
outras palavras, tornando-se arrogante.
A educação falha também pode ser uma
causa da arrogância. Crianças que não têm obstáculos para a sua vontade durante
a infância, que não recebem uma noção adequada de que a vida é uma oportunidade
de aprendizagem, de aperfeiçoamento e de trabalho para evoluir e para ajudar os
outros, em geral têm dificuldades de pensenizar de forma favorável ao
desenvolvimento da convivalidade sadia. Por ausência ou negligência do trabalho
esclarecedor dos adultos, a criança pode acreditar-se superior aos outros desde
pequena, tornando-se arrogante por ignorância.
A arrogância pode ainda ter uma
origem cármica. Consciências que trazem o traço da arrogância de outras vidas
têm a tendência para desenvolver esse traço na vida atual, independente da
família, do grupo ou da sociedade na qual elas ressomem. Neste caso, é preciso
estudar mais a fundo a trajetória de vidas passadas, conhecer as interprisões,
os erros do passado que estão sendo repetidos para passar a viver de forma mais
sadia.
A arrogância resulta para o
indivíduo em dificuldade de interação e de trabalho em equipe, gerando falta de
convivialidade, autoritarismo e autoisola-mento. Para o grupo, a arrogância
gera sentimento de inferioridade e insegurança, aumentando a possibilidade
do fracasso dos empreendimentos.
Para prevenir a arrogância é
importante cultivar qualidades opostas, como a assistencialidade, a
autocoerência e o autoconhecimento. Já como profilaxia ou terapêutica, existem
técnicas especializadas na Conscienciologia, como por exemplo a autopesquisa,
as técnicas de autocontrole e interassistência, a reciclagem consciencial, a
técnica de observar consciências mais evoluídas para perceber as próprias
limitações, as técnicas conscienciométricas e a tenepes.
Concluindo, é preciso trabalhar a
consciência para evitar e diminuir a arrogância porque ela produz sentimento de
inferioridade nas outras pessoas, causando amargura nas relações interpessoais,
permitindo a permanência das interprisões e, consequentemente, possibilitando
estagnação evolutiva no meio consciencial onde ela se instala.
Lília
Junqueira, voluntária do INTERCAMPI em João Pessoa
Fonte: Site da Intercampi, postada em
03/setembro de 2012.
http://intercampi.org/2012/09/03/para-nao-ser-arrogante/
Que texto maravilhoso! Me faz querer saber mais sobre o assunto.
ResponderExcluirÉ verdade ... vou me analisar melhor, sem me culpar ... mas buscar evoluir. Gratidão.
ResponderExcluirMeu marido é muito arrogante. Percebo que isso só prejudica ele, pois não convive bem em grupos, desvia o olhar quando estão conversando com ele... Já falei para fazer terapia, mas como arrogante, não aceita. Não sei como posso ajudá-lo.
ResponderExcluirEu sou muito arrogante e as vezes fico triste comigo mesmo. Não sei o que fazer?
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