Fátima Duda
O círculo de relações é o grupo
social cultivado pela consciência intrafísica lúcida na vida multidimensional,
norteado pelo conjunto de pensamentos, sentimentos e energias da própria
evolução consciencial.
Visando tirar melhor proveito
evolutivo da atual experiência intrafísica, propõe-se a aplicação do princípio
popular diz-me com quem andas e te direi quem és. A sugestão é fazer uma análise
crítica, criteriosa e cosmoética (ética que extrapola a moral social) dos
perfis psicológicos das consciências, componentes dos seus círculos de
relações. Procurar estabelecer pontos de convergências e divergências entre
você e elas, em face dos comportamentos alheios reprovados por você e que lhe
incomodam ao ponto de deixá-lo irritado.
Desconfie quando algo pensado ou
praticado por outra pessoa lhe incomodar em demasia. Seja autocrítico, reavalie
a situação com esmero e procure se ver antes, durante e depois do fato
ocorrido. Analise as circunstâncias em que o fato (acontecimento intrafísico)
ou parafato (acontecimento extrafísico) se deu, observe as energias das pessoas
envolvidas e do ambiente, levante hipóteses e tire conclusões.
O incômodo, originário de si mesmo
ou de consciência assediadora intrafísica ou extrafísica, é uma boa sinalética
para apontar o que precisa ser modificado em nós. A assertividade está em
encarar o problema de frente, refletir sobre ele, elaborar um diagnóstico e
formas de enfrentá-lo até a sua superação. A consciência, assim procedendo,
cria para si uma crise de crescimento positiva.
Todos querem ter uma vida melhor,
bem-estar, pacificação íntima, equilíbrio, mas poucos estão dispostos a pagar o
preço exigido. O preço da evolução sem penúria é a crise de crescimento; a
condição é o abandono da zona de conforto; a ponta do iceberg são os mecanismos
de defesa do ego; o elemento indicador de que estamos verdadeiramente
investindo no processo evolutivo pessoal é a natureza dos ganhos positivos
acrescidos a nossa Ficha Evolutiva Pessoal – FEP (saldo positivo de todas as
nossas existências até o momento atual). Por essa razão, muitos tentam camuflar
o desconforto se contentando com os “ganhos” secundários, por lhe trazerem
algum alento, atitude autocorruptora e reforçadora do auto e heteroassédio,
tendente ao padecimento.
Esse contentamento mínimo, embotando
o discernimento e dissimulando a inquietação íntima, pode estar associado a uma
condição assediadora iniciada pela própria consciência e passível de, com o
decorrer do tempo e pela afinidade, atrair outras consciências com esse mesmo
padrão, agravando o quadro. Cedo ou tarde o desconforto reaparecerá com força
total, semelhante à arrebentação das ondas do mar sobre as rochas. Vencido pelo
cansaço, surgirá o sofrimento no lugar da crise de crescimento e não haverá
outro jeito a não ser enfrentá-lo. Investir numa condição já sabida deficitária
não parece uma escolha inteligente. É pertinente indagar-se: qual o ganho real
obtido pela consciência que assim procede?
Ressalte-se que a crise de
crescimento e o sofrimento diferem entre si. A crise de crescimento é o
conflito íntimo experimentado pela consciência, decorrente da análise dos fatos
e parafatos que lhe deram origem. Essa condição intraconsciencial pode
favorecer autoenfrentamentos, atitudes novas e proativas, escolhas específicas
viabilizadoras de rupturas edificantes. É, portanto, positiva, otimista,
intencional, prevista, monitorada, avaliada e gera autoconfiança. O sofrimento,
ao contrário, é dor física ou moral continuada, aflição, amargura, desgosto,
penar; é uma condição imposta e nem sempre a pessoa atina para as suas causas.
De qualquer modo, a consciência irá
evoluir: querendo ou não; com ou sem sofrimento; com passos largos ou curtos;
rápido ou devagar quase parando. É mais inteligente encarar as dificuldades com
discernimento, realismo e bom humor (saúde consciencial); apropriar-se de
conhecimentos e técnicas que ajudem a consciência lúcida a investir nos
contatos interconscienciais, com cortesia e amizade; buscar relações
transformadoras capazes de melhorar, reciclar ou aperfeiçoar o microuniverso
consciencial pessoal ou a própria vida da pessoa.
A consciência, comprometida com o
holopensene (conjunto de pensamentos, sentimentos e energias) da convivialidade
fraterna, tira proveito evolutivo das oportunidades advindas dos seus
relacionamentos sociais e, pelo exemplarismo pessoal, resplandece, propaga a
sua aprendizagem e os bons resultados alcançados, influenciando positivamente o
seu círculo de relações.
Fátima Duda é voluntária do INTERCAMPI
em Recife.
Fonte: Site da Intercampi, postada em
23/setembro de 2012.
http://intercampi.org/2012/09/26/relacoes-sociais-e-oportunidades-evolutivas/
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